Unidade de Acolhimento a dependentes químicos tem atendimento precário
O espaço foi criado para reforçar as ações de políticas sobre drogas do município
É precária a situação do equipamento para atendimento a pessoas vulneráveis. Com 15 vagas, destinadas a maiores de 18 anos de idade, residentes em Sobral, o equipamento deveria oferecer acolhimento voluntário com garantia de suporte e proteção social, com atendimento diferenciado, integral e contínuo para o enfrentamento da dependência, mas isso não tem ocorrido. Inaugurada no dia 27 de julho do ano passado, pela Prefeitura de Sobral, por meio da Secretaria da Saúde, a Unidade de Acolhimento José Laert Fernandes Melo, localizada no Bairro Expectativa, é um equipamento público, destinado ao atendimento aos dependentes químicos em situação de vulnerabilidade e risco social. O espaço foi entregue à população há pouco mais de um ano, mas, até hoje, nunca chegou a funcionar de forma efetiva. Orçado em pouco mais de R$ 700 mil, o prédio foi construído com recursos do Ministério da Saúde e do tesouro municipal.
A unidade, proposta para funcionamento integral, é um componente de atenção residencial de caráter temporário, com duração máxima de 6 meses de atendimento, da Rede de Atenção Psicossocial.
Após o aniversário de um ano, o prédio, com 15 leitos, teve as camas retiradas, seus quartos transformados em salas, e segue sem atividades voltadas ao público interno, ou seja, os possíveis acolhidos. A proposta original era que, além do médico psiquiátrico, também seriam oferecidas ali, atividades de tecelagem, pintura, teatro, música, dança, yoga, meditação, estudos para alfabetização, profissionalização, entre outras. Mas a promessa não se concretizou por completo.
De acordo com Claudine Carneiro Aguiar, coordenadora das Políticas Sobre Drogas de Sobral, estratégia que atua nos eixos de Prevenção, Tratamento e Ressocialização de dependentes químicos, a construção do prédio foi iniciada na gestão Veveu Arruda (PT), mas a obra só foi concluída nessa gestão Ivo Gomes (PDT). “Tudo foi em contrapartida entre o município e o Ministério da Saúde. Agora, falta o repasse federal dos recursos para o pleno funcionamento do Centro. Aguardamos R$ 70 mil para a implantação, e, em seguida, o repasse mensal de R$ 25 mil, a ser somado com outros R$ 25 mil, via município, para o pleno atendimento”, mas não temos previsão de quando isso ocorrerá, apesar das constantes cobranças de nossa parte”, esclarece a coordenadora.
Ainda, segundo Claudine Aguiar, as parcerias entre o município e o Ministério da Saúde, dentro das ações das Políticas sobre Drogas, mantêm a rede de atendimento em funcionamento via SUS, para pessoas no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS AD). “O município arca com R$ 50 mil, do total de R$ 75 mil, gastos mensalmente nesse trabalho. Fora da rede SUS, também é dado apoio financeiro às comunidades terapêuticas Fazenda da Esperança São Bento e o Instituto Reviver, que abrigam jovens dependentes químicos. O Instituto Praxis, antigo Hospital Doutor Estevam, onde há 20 leitos clínicos para uma desintoxicação acompanhada mais intensamente, também faz parte dessa rede”, esclarece.
De acordo com José da Silva Sousa, gerente da Unidade de Acolhimento, “o município tem garantido um aporte financeiro de R$ 110 mil à Fazend1a Esperança, dividido em 10 parcelas mensais. Outro montante, de R$ 80 mil, aprovado pela Câmara Municipal, também tem sido depositado mensalmente na conta do Instituto Reviver, dividido em 8 parcelas, para manter 18 atendidos”, reforça o gerente, que garante a efetividade das parcerias tocadas pelo município, no que se refere às políticas sobre drogas.
Mas enquanto o recurso da Unidade de Acolhimento não vem, já que foi inaugurada, e tem seus custos para estar aberta (cerca de R$ 20 mil mensais), a Unidade passou a oferecer, há pouco tempo, oficinas de plantas medicinais, massoterapia e oficinas de reciclagem para seu público-alvo. Ainda, segundo o gerente José da Silva Sousa, “quando estivermos em plena atividade, o espaço terá um serviço 24 horas. Enquanto isso não acontece, também temos trabalhado com instituições que atuam na prevenção às drogas. Os resultados têm sido bons”, ressalta.