Corpo de Bombeiros registra aumento de pedidos de vistoria em prédios de Sobral

Compartilhe

O antigo Edifício Alba Carneiro, localizado na Rua Conselheiro Rodrigues Júnior, em frente ao Terminal Rodoviário de Sobral, voltou a chamar a atenção dos moradores da cidade, após o desabamento do Edifício Andréa, em Fortaleza, há uma semana. A queda do prédio, de sete andares, matou nove pessoas e feriu outras sete, das quais três seguem hospitalizadas. A grande repercussão na mídia nacional trouxe foco sobre a longa situação de abandono da edificação local; uma das primeiras construídas na cidade, em meados de 1981.

 “Eu lembro quando o prédio foi desocupado, há quase 10 anos. Apesar do perigo, os moradores não queriam deixar suas casas; mas tiveram que sair. De lá para cá, nada mudou. Acho um risco que ainda continue de pé. Se ele cair, pode ser uma tragédia, mesmo não tendo mais ninguém lá dentro”, teme, o vendedor ambulante, Francisco das Chagas de Barros (45), que circula todos os dias pelas proximidades da velha edificação, de seis andares e 18 apartamentos.

Um dos últimos trabalhos de vistoria no Edifício Alba Carneiro, realizado em fevereiro de 2010, quando ainda havia cerca de 20 famílias morando no local, levou o Corpo de Bombeiros a solicitar do Ministério Público Estadual a interdição do complexo residencial. No prédio, constatou-se que não havia saídas de emergência, câmara de gás GLP, brigada de incêndio e alarmes, além do Auto de Verificação de Segurança (AVS), documento imprescindível no que diz respeito à manutenção de edificações.

A situação do prédio preocupa o Corpo de Bombeiros Militar e o CREA (Foto: Aleksandra Praciano).

A vistoria do Corpo de Bombeiros, com participação de membros do Ministério Público e da Defesa Civil do Município, havia detectado, ainda, infiltrações generalizadas nos seis andares e oxidação em todos os pilares e colunas de sustentação; o que, naquela época, já comprometia a estrutura do prédio. Os problemas vão, desde a base da estrutura, até o teto. De acordo com o major Mardens Vasconcelos, coordenador do Comando de Engenharia e Prevenção de Incêndios do Corpo de Bombeiros Militar de Sobral, “mesmo com a interdição do prédio, ele se mantém de pé, nas mesmas condições precárias do passado. Ficou a cargo dos proprietários demolir a estrutura, ou reformá-la, após a evacuação, o que não foi feito”, diz.

Ainda de acordo com o major, “após a queda do edifício, na capital, passamos a receber uma grande demanda de solicitações de vistoria na cidade de Sobral. Fomos procurados pelos próprios moradores de diversas edificações. Infelizmente, não temos a cultura da manutenção preventiva, e isso também se refere aos proprietários ou síndicos. É comum buscar apoio somente após os acidentes relacionados à segurança, sempre renegada a um segundo plano”, reflete. “Só para se ter uma ideia da procura, nessa última semana houve aumento em torno de 50% da quantidade de vistorias desse tipo”, revela o major.

O coordenador do Comando de Engenharia e Prevenção de Incêndios do Corpo de Bombeiros Militar não quis detalhar quantos, e quais são os prédios em que as vistorias foram solicitadas, mas adiantou que o resultado do trabalhotem constatado, em sua maioria, “rachaduras e fissuras em pilares. Daí, termos aconselhado que os proprietários obtenham um laudo de um profissional de engenharia qualificado, para que sejam feitas as manutenções exigidas, evitando acidentes futuros”, finaliza.

Segundo José Augusto Laureano, inspetor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sobral (CREA), com atuação em 25 municípios da região Norte,“ Nosso trabalho se refere à fiscalização das obras executadas. Sobre o Edifício  Alba Carneiro, aquele que mais chama a atenção em nossa cidade, sabemos que é um prédio que traz riscos à sociedade. Existem, também, outros prédios antigos, de menor porte, que tiveram serviços de demolição e reformas não concluídos, e isso traz o risco de desabamento”, revela, e conclui. “Nós do CREA, não temos o poder de Polícia, nesses casos; nos cabe defender a sociedade dos maus profissionais, cabendo à Defesa Civil ou a prefeitura de ações mais efetivas.

Com 124 anos de existência, e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a chaminé da extinta fábrica de tecidos Ernesto Deocleciano de Albuquerque, onde hoje funciona o campus da Universidade Federal do Ceará (UFC), representa, na história de Sobral, o início da era da industrialização local, mas também, um perigo iminente, no que se refere a um possível desabamento.

Há cerca de 2 meses, a equipe do Jornal Sobral News ouviu o engenheiro Francisco Kennedy Moreira Vasconcelos, prefeito do Campus da UFC de Sobral, que afirmou, à época, ter  isolado uma área correspondente à altura da estrutura, tombada . “Está em fase de conclusão um projeto de restauração, a ser enviado ao Iphan, que contemplará com reformas, três blocos do campus que são: a chaminé, a caldeira e o antigo clube dos trabalhadores da extinta fábrica”, disse o engenheiro.

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Skip to content