Mães de estudantes vítimas de acidente com transporte escolar reclamam da Prefeitura e da Justiça

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Grupo de mães aguarda resposta sobre responsabilidade de acidente (Foto: Marcelino Júnior).

O dia 13 de abril de 2019 dificilmente sairá da memória da auxiliar de serviços gerais Carliene Victor Lopes (40) e do filho dela, moradores da localidade de Vassouras, no distrito de Taperuaba, em Sobral. A data ficou marcada pelo sério acidente de trânsito que feriu o adolescente nos joelhos e tornozelos, além de outros 11 estudantes e mais dois adultos que se deslocavam, à sede do município, para um evento esportivo entre escolas da região.

O micro-ônibus escolar da Prefeitura de Sobral tombou em Forquilha (BR-222), quando o motorista perdeu o controle da direção em uma curva. Segundo Carliene, “somente o motorista usava cinto de segurança. E ele disse que tinha pedido um transporte melhor na garagem da Prefeitura, mas não foi atendido”, relata a mãe. “A documentação do veículo também estava irregular”, lembra.

Sem segurança

Ainda de acordo com a auxiliar de serviços gerais, “o que me deixa mais aborrecida, depois de todos esse transtorno, é que já vai fazer um ano, e até hoje ninguém foi responsabilizado. A Secretaria de Educação do Município (Seduc) mandou um transporte sucateado, com os pneus carecas, sem cinto de segurança, e nenhuma condição de levar esses estudantes, que acabaram se tornando vítimas de um ato irresponsável”, reclama Carliene, e pontua: “Eu não vou desistir de cobrar a responsabilidade do município”, afirma, ao lado de outras mães, também indignadas, que, à época, tiveram de recorrer ao Conselho Tutelar de Sobral.

No acidente, 12 adolescentes ficaram feridos (Foto: Mateus Ferreira TVM).

 Suporte

“Só deram atenção para as vítimas durante o momento do acidente, depois, tivemos de fazer pressão na mídia para que nossos filhos tivessem algum atendimento”, também revela Valdene Paiva (31), tia de Wanderson Frederico Paiva (18), que quebrou a perna e o fêmur no acidente. “Meu sobrinho ficou cerca de três meses tomando medicação para dor, e fazendo fisioterapia. Não tinha nem como cobrar da direção da Escola Frederico Auto Correia, onde os meninos estudavam, uma responsabilidade que não era deles”, diz e completa: “Toda a medicação foi bancada por nós mesmos. Fomos esquecidos”, lembra a dona de casa.

Justiça

O ex-conselheiro tutelar Sândalo Linhares acompanhou o drama das famílias. “O Conselho foi acionado quase um mês depois do ocorrido, justamente pela falta de assistência do município, segundo as mães”, revela. “Então, foi feito o B.O., também exames de corpo de delito nas vítimas, e dados os encaminhamentos necessários para uma ação que corre no Ministério Público. As famílias foram ouvidas, assim como o motorista do ônibus, mas até hoje nenhum parecer foi dado”, explica Sândalo. Procurada, a promotoria da Educação do MPC informou que o responsável, Plínio Almeida Pereira, se encontra em recesso até o final do mês.

À época, a Seduc  informou que deu todo o apoio necessário às famílias, não somente no dia do acidente, mas ao longo da permanência dos alunos nos hospitais, tendo cedido um carro para o deslocamento das vítimas ao longo do tratamento. Membros da direção da Escola Frederico Auto Correia, de Vassouras, também teriam acompanhando os estudantes até certo momento. “Isso, nós reconhecemos, mas meu filho ficou meses sofrendo com um grave ferimento na perna, enquanto eu pensava que a gente tinha, como mães, que ir atrás dos direitos deles. Fizemos Boletim de Ocorrência e tudo foi para o Ministério Público, mas até hoje não conseguimos saber o que será feito desse processo, quem deve ser responsabilizado”, questiona Antônia Maria Braga (45), dona de casa.

Procurada, a Assessoria de Comunicação do município esclarece, por meio de nota, que, “a Secretaria da Educação de Sobral, na época, instaurou uma sindicância para apurar a responsabilidade pelo ocorrido, culminando com o desligamento do motorista, que integrava os quadros funcionais da empresa responsável pelo pelo veículo que fazia o transporte dos estudantes”, finaliza.

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