Antigo abrigo domiciliar está abandonado e virou boca de fumo no bairro Santa Casa
Localizado na Rua Pintor Lemos, o antigo prédio do Abrigo Domiciliar de Sobral, hoje denominado Acolhimento Infantil, mantido pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Direitos humanos, Habitação e Assistência Social, é a representação completa do abandono.
A edificação se encontra depredada. Todas as salas, quartos e banheiros, além de muito sujos, também estão sem portas ou janelas. O mau cheiro se espalha pelos cômodos, assim como o lixo, que também toma conta de todo o espaço. Do lado de fora, o terreno sem portão, está encoberto pelo mato, e as paredes estão pichadas, em toda a sua extensão.
Por causa do abandono, o local passou a ser utilizado como “boca de fumo”, por desocupados que circulam pela vizinhança. A reclamação é de moradores, que se queixam da falta de utilidade do espaço. Quando em seu pleno funcionamento, o abrigo atendia cerca de 12 crianças e adolescentes do sexo masculino e feminino, com idades de 7 a 17 anos e 11 meses.
Pessoas, cujos direitos fundamentais como moradia e integridade física e psicológica foram lesados. A proposta do lar provisório é de preservar os laços familiares, desenvolvendo atividades socioeducativas com os acolhidos. “Eu nem me arrisco mais passar em frente do prédio à noite. Tenho medo, até, pelas crianças que estudam aqui, na escola ao lado. Acho perigoso”, revela a dona de casa Francisca Alencar (55).
“À noite, o lugar é utilizado para encontros sexuais e de pessoas que consomem drogas”, explica outro morador sobre o espaço, que junto ao Abrigo São Francisco, da Comunidade Shalom, são os dois únicos equipamentos do município criados ara recepcionar crianças e adolescentes em processo de destituição do poder familiar. “O problema é que, desde que o pessoal atendido saiu daqui, o lixo tomou conta, assim como os desocupados. É um patrimônio que está se acabando aos poucos”, diz o autônomo Josias Pereira (42). “Ninguém sabe se vão reformar ou o que vai ser feito. O certo é que está perigoso, aqui”, revela.
As crianças e adolescentes, antes atendidos no local, foram transferidos para um casarão na Alameda Amazonas, no Bairro Colinas. “É inegável que o espaço lá é bem maior, até com piscina. O aluguel gira em torno de R$ 10 mil. Mas lá, ainda não existe uma segurança adequada. Há, inclusive, reclamação de fugas de adolescentes”, relata o ex-conselheiro tutelar Sândalo Linhares. “Os moradores próximos querem saber como fica o antigo espaço, desativado faz uns 2 anos, por falta de estrutura. Participei da criação de uma junta para resolver a reforma e ampliação do prédio. O grupo era formado por representantes da Secretaria dos Direitos Humanos, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), e o Ministério Público; mas a Prefeitura nada fez até hoje”, desabafa.
Por meio de nota, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que “em relação ao acolhimento institucional para crianças e adolescentes, a Secretaria dos Direitos Humanos, Habitação e Assistência Social informa que o projeto arquitetônico e de engenharia para construção do novo prédio, no mesmo local, já foi concluído. O projeto já está autorizado e incluso no Orçamento de 2020″, encerra a nota.