Sobral tem primeira morte atribuída a Covid-19; prefeito nega
Valneide Pereira Vasconcelos, de 51 anos, morreu nas primeiras horas desta segunda-feira (23), no Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral. Sua morte foi atribuída a doença causada pelo coronavírus, em notícia divulgada pelo jornalista Wellington Macedo. O prefeito Ivo Gomes nega, mas não adiantou a causa da morte.
O corpo da mulher foi sepultado no mesmo dia, na vizinha cidade de Forquilha, onde ela morava, na localidade de Rasteira. Segundo informação de familiares, obtida por Wellington Macedo, o carro da funerária chegou com orientação de levar o corpo direto ao cemitério, sem tempo para que fosse velado por parentes. Dentro do caixão, numa folha de papel, estava escrito: “óbitos covid-19”.
Logo após a divulgação da morte nas redes sociais, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, também usou os mesmos meios para negar (foto). Sob o título “Não há óbito confirmado em Sobral pelo corona vírus”, o prefeito afirmou que “quando, e se tiver, serei o primeiro a vir a público com a informação”.
O prefeito, no entanto, não esclareceu sobre a causa da morte da senhora e também não explicou por que estava no caixão da morta a indicação COVID-19. Quando da divulgação do primeiro caso confirmado de infecção pelo coronavírus, o prefeito Ivo Gomes não foi muito transparente. Ao contrário, deu informações que desviariam da real vítima.
Nas palavras do prefeito, seria um homem de 60 anos, que teria vindo do Sul. Na verdade, tratava-se de um sobralense, o ex-prefeito Veveu Arruda, que possivelmente foi contaminado numa viagem internacional à Europa. Isto é, não vindo do sul brasileiro, mas do norte do hemisfério. E o título da postagem era “Compromisso com a transparência”.
Segundo profissionais do Hospital Regional Norte, a mulher dera entrada na noite do último domingo (22) e veio a falecer horas depois, com várias reclamações de saúde, incluindo um quadro de gripe. Mas não soube dizer se ela se submeteu a exame para detectar o novo coronavírus.
Procurada pelo Sobral Post, a assessoria de imprensa do HRN disse que a resposta do hospital “ao caso do óbito da senhora de Forquilha é a mesma dada pelo prefeito Ivo Gomes em sua rede social”. Mesmo indagada sobre o assunto, nada falou sobre o papel no caixão, nem sobre os sintomas e se foi feito ou não o exame.
Ainda que tivesse havido o exame, não teria dado tempo para conclusão dos resultados. O prefeito de Forquilha, Gervásio Loiola, tratou do assunto em uma live nas redes sociais. Ele disse que não havia motivo determinado da causa da morte e que havia solicitado informação mais precisa à regional de saúde, mas ainda não obtivera resposta. Alertou: o número de casos de contaminação é muito maior do que está sendo divulgado.
NOTA DA REDAÇÃO
Se a morte não foi causada por coronavírus, o prefeito Ivo Gomes e a administração do Hospital Regional Norte têm a obrigação moral e administrativa de prestar as informações, em nome da transparência e da saúde pública: qual foi a real causa da morte da senhora de Forquilha?
Desculpa a ignorância, mas é estaticamente correto atribuir ao município de Sobral um óbito ocorrido no HRN de uma paciente oriunda de um distrito de Forquilha???
Pergunto pq “geografia” não é minha praia…
Imagino que você quis dizer estatisticamente, certo? A notificação do caso é na unidade de atendimento. Se, de fato, a paciente estava com o coronavírus, a notificação partiria do HRN, de Sobral. Portanto, estatisticamente, é de Sobral, sim. Para exemplificar, um paciente de outro estado foi tratado no Ceará, ele está contado entre os casos do Ceará, e não na cidade onde mora. A matéria deixa claro que ela era moradora de Forquilha. E o título está correto. Ela morreu em Sobral. Posso, então dizer, que “Sobral tem primeira morte…”