Sem dinheiro e sem trabalho, as pessoas aguardam auxílio emergencial de R$ 600
Desde o início do período de quarentena, determinado para conter o avanço do coronavírus em Sobral, o autônomo Ronaldo Rufino (35), morador do Alto da Brasília, na periferia de Sobral, tem se mantido quase recluso em casa. Com dificuldades financeiras, agora aguarda receber os R$ 600 do coronavoucher, do governo Bolsonaro.
Ronaldo foi funcionário da Grendene por quase onze anos, e se afastou do emprego no ano passado por causa de um sério problema de visão, ainda em tratamento. Pegou todo o dinheiro do acordo e investiu na abertura de um negócio próprio, uma lanchonete, que teve de fechar depois do decreto municipal. Perdeu tudo.
Hoje, está tudo parado”, lamenta o autônomo, que teve de consumir os produtos, além de fazer doações aos vizinhos para que não se estragassem. “O problema de saúde vinha se agravando por causa das atividades que eu exercia na empresa; então optei por sair e tentar abrir meu próprio negócio”, afirma Rufino, que arca com toda a medicação para a visão.
A questão dos remédios é um caso à parte. E a falta deles já começa a preocupar o autônomo. “ Os remédios são outro custo que eu tenho que arcar. Já solicitei para receber pela Prefeitura, mas até hoje não vieram aqui. Eu ligo no número divulgado pela farmácia do posto aqui do bairro, mas só dá na caixa postal”, reclama, e complementa. “Eu não tenho outra fonte de renda, e não posso ficar sem os remédios. O risco mais grave é de derrame. As minhas reservas já estão no fim. Tenho pago as contas básicas e comprado comida, e só”, lamenta.
No início desta semana, Ronaldo Rufino fez o cadastro para ter acesso ao Auxílio Emergencial de R$ 600, estipulado pelo Governo Federal. Apesar da demora em conseguir entrar no sistema, após ter acesso e preencher os dados, a solicitação continua em análise. “Seria muito bom se esse dinheiro chegasse. Minha situação não está fácil. Eu sei que a quarentena é importante, mas a gente fica nesse desespero de como vai ser daqui para a frente. Ouvi falar de pessoas que já receberam, e espero também poder ter esse benefício. E que fique a lição aos nossos governantes, no final disso tudo. Uma parcela de culpa é deles, porque não há investimento na nossa saúde”, reclama.
Do outro lado da cidade, no bairro Domingos Olímpio, a auxiliar de serviços gerais Talita Silva dos Santos (26) também aguarda o benefício. A jovem trabalhava em uma clínica de fisioterapia por meio período. Mas desde que a quarentena iniciou, ela foi orientada a ficar em casa. Talita divide um apartamento com a mãe de 49 anos, que trabalha como doméstica. A senhora parou por cerca de uma semana, a pedido dos patrões, mas retornou novamente às atividades, nessa segunda-feira (6). Enquanto isso, Talita segue em casa. “A clínica fechou, porque os pacientes estavam desmarcando seus tratamentos. E no local onde a clínica funciona, só estávamos nós abertos. Estamos aguardando o fim da prorrogação da quarentena para retornar”, explica.
“Eu recebia meio salário, o que ajudava a manter as contas pagas, além do aluguel de R$ 350. Agora só contamos com o dinheiro da minha mãe. A situação está difícil aqui em casa. No bairro não há supermercado, somente mercadinhos, e tenho evitado por causa da aglomeração. Só tenho ido numa extrema necessidade”, revela a jovem, que também aguarda com ansiedade pelo benefício de R$ 600. “Esse dinheiro ajudaria muito, na nossa situação. Tenho rezado para que chegue logo, ou que eu volte a trabalhar”, revela.