Mais da metade da população cearense pertence a grupos de risco da Covid-19
Pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) revela que 3,6 milhões de cearenses tem algum fator de risco que podem levar a complicações caso venham a contrair o novo coronavírus, seja devido a idade avançada ou comorbidades.
Pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde feita em 2013, apontam que 53,7% dos maiores de 18 anos no Ceará podem ser parte de um grupo de risco para o coronavírus. Foi levado em consideração para o estudo a idade avançada, doenças como diabetes e hipertensão, além de cânceres, problemas respiratórios, obesidade ou tabagismo. A porcentagem corresponde a mais de 3,6 milhões de pessoas.
Para organizar os dados foram criados dois cenários. No primeiro, foram incluídos como fatores de risco ter idade igual ou maior que 65 anos, ter diagnóstico de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, pessoas que já tiveram um acidente vascular cerebral (AVC), câncer nos últimos cinco anos ou que convivem com uma doença renal crônica. Já no segundo cenário, foram considerados todos os critérios de risco do primeiro e somados a eles a asma, a obesidade e o tabagismo.
Considerando o primeiro grupo, são 2.294.480 pessoas em risco de ter complicações caso sejam infectadas pelo coronavírus no Ceará. Isso corresponde a 33% da população maior de 18 anos do Estado, segundo a pesquisa. Com a segunda amostra, o número sobe para 3.645.372 de cearenses – mais da metade dos adultos (53,7%). O estudo atenta para o fato de que os números utilizados são de 2013 e portanto podem ter sofrido variações. No Brasil, pelo menos 80 milhões de cidadãos estariam inseridos no segundo cenário pesquisado.
Dos 1.641 mortos por coronavírus no Ceará, de acordo com dados do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), 73% eram pessoas de 60 anos ou mais, a maioria sendo do sexo masculino. Cerca de 48,3% dos pacientes que morreram apresentavam doença cardiovascular crônica, 31,8% diabetes, além de outras comorbidades, como asma, doenças renais, hematológicas e neurológicas e até obesidade.
O estudo conclui que os dados coletados por questionários podem ser úteis para que sejam identificados mais facilmente os cenários de alto risco, já que capacidade de testagem para o coronavírus ainda é limitada em diversos locais do Brasil. Proteger os grupos de risco, principalmente idosos e pessoas com comorbidades, com o isolamento social é mais indicado pela pesquisa.