Novo horário de farmácias prejudica quem precisa de remédio e cria aglomeração

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Na manhã desta terça-feira( 2), a autônoma Catarina Albuquerque resolveu peregrinar de farmácia em farmácia, em busca de medicação para uma parente, vítima da Covid-19, que se encontra em isolamento dentro de casa. A dificuldade de encontrar o remédio aumenta a ansiedade de quem convive com a doença.

Cansada por não conseguir atendimento via telefone, a jovem decidiu sair com a lista de quatro remédios na mão, para tentar comprá-los. A dificuldade aumentou depois que o prefeito reduziu, por decreto, o horário de atendimento ao público das farmácias do perímetro central.

Depois de muito andar, no Centro e em seu entorno, ela conseguiu dois dos remédios receitados pelo médico. A preocupação é tanta, pela saúde da parente acamada, que Catarina saiu batendo de porta em porta, em busca de atendimento. “ Não dá para esperar até às 16h, com uma pessoa doente precisando da medicação agora. É frustrante, tanto pela falta do remédio, quanto pelo novo horário de atendimento, aqui no Centro, onde os preços são bem mais em conta. A gente se sente em uma situação desesperadora”, explica a autônoma.

“Preciso do remédio com urgência. Não consegui a entrega em casa. O novo horário das farmácias dificultou, ainda mais, o acesso” (Foto: Marcelino Júnior).

Para conter o fluxo de pessoas na região central, a Prefeitura isolou todo o entorno, abrangendo as ruas Cel. Joaquim Lopes, Jornalista Deolindo Barreto, Menino Deus, Anahid Andrade, e Viriato de Medeiros. Neste perímetro, todo atendimento continua proibido. Somente as atividades essenciais podem funcionar com “delivery”, pela manhã; inclusive, o atendimento das farmácias, permitido, presencialmente, apenas, entre às 16 e 21h.

“A situação ficou pior, com esse novo isolamento. Sofre quem precisa de remédios, e sofre o pequeno farmacêutico. Geralmente, os pedidos de entrega acontecem mais nos grandes comércios. O pequeno vende mais no atendimento no balcão, mesmo, onde até se negocia um preço mais em conta, na hora da venda”, lamenta o proprietário de uma das farmácias, localizadas dentro do cordão de isolamento, e finaliza. “Tive queda de 90% nas vendas, no mês de maio”.

Mulher tenta contato de farmácia para comprar medicamento contra a covid-19 (Foto: Marcelino Júnior).

Assim como os outros estabelecimentos farmacêuticos que ficaram de fora do isolamento, a Farmácia do Arco também registrou queda de 60% nas vendas de balcão. Por outro lado, houve aumento nos pedidos de entrega em domicílio. “ Não atendemos mais por 24h, somente de 7 às 23h. Quanto a entregas, tivemos aumento de 70%. É cobrada uma taxa de 2 a R$ 3, dependendo da distância do bairro do pedido. Até contratamos mais dois entregadores para dar conta da demanda”, diz um atendente, que prefere não se identificar.

Farmácia do Arco improvisou anteparo de vidro que separa cliente e atendente. (Foto: Romário Rodrigues)

O Decreto de Isolamento Social Rígido (Nº 2437) passou a vigorar no último dia 30 de maio. As medidas de contenção do vírus adotada pelo município têm ficado cada vez mais duras, à medida que o número de mortes tem aumentado, diariamente, em Sobral. No momento, o município contabiliza 85 mortes por covid-19 e 2.474 casos confirmados. O teste em 3.612 pessoas deu resultado negativo para o novo coronavírus. Os números foram divulgados nessa segunda-feira, dia 1° de junho.

Segundo o prefeito Ivo Gomes, “pelo decreto do Governo do Estado, e por um decreto meu, a gente prorroga por mais uma semana o isolamento social mais rígido”. Em suas redes sociais, ele disse: “Ao mesmo tempo, a gente precisa evitar aglomerações. Nós não podemos desacreditar que isso é um mal importante, que a gente vai vencer”.

Fila nas farmácias que só abrem a partir das 16h. (Foto: Romário Rodrigues)

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