PGR concorda com prorrogação de inquérito sobre Bolsonaro
A Polícia Federal solicitou a prorrogação dos inquéritos que envolvem o nome do presidente Jair Bolsonaro, e STF pediu manifestação da PGR sobre o tema. Inquérito foi aberto em abril e apura se presidente interferiu na instituição.
Nesta terça-feira (02) a Procuradoria Geral da República (PGR) enviará um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para informar que é favorável à prorrogação do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Polícia Federal.
O inquérito foi autorizado pelo STF em 27 de abril, três dias após o então ministro da Justiça, Sergio Moro, ter anunciado a demissão do cargo. Na ocasião, Moro disse que Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo. Bolsonaro nega a acusação.
A PF pediu na semana passada a prorrogação do inquérito, e o ministro Celso de Mello, relator do caso no STF, pediu à PGR que se manifestasse sobre o tema.
O pedido de prorrogação foi feito pela delegada Christiane Correa Machado, que conduz o caso na PF. Entre outras diligências pendentes, a PF argumenta que “mostra-se necessária a realização” do depoimento de Bolsonaro.
Com a manifestação da PGR, caberá ao ministro Celso de Mello decidir se prorroga ou não as investigações. No parecer, o procurador-geral da República, Augusto Aras, não trata diretamente do depoimento de Bolsonaro, mas concorda com as diligências já determinadas pela PF.
O inquérito que investiga se Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal foi aberto há pouco mais de um mês, no dia 27 de abril, por decisão do ministro Celso de Mello. O ministro atendeu a um pedido da PGR, que solicitou as apurações sobre as acusações de Moro.
O primeiro a ser ouvido no inquérito foi o próprio Moro, no dia 2 de maio. No depoimento, o ex-ministro citou como prova da interferência do presidente a reunião ministerial de 22 de abril, no Palácio do Planalto. O conteúdo da reunião se tornou público no último dia 22 de maio. A pedido da Procuradoria-Geral da República também foram ouvidos três ministros, uma deputada e policiais federais.
No vídeo da reunião, divulgado por decisão do ministro Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que tentou “trocar gente da segurança” no Rio de Janeiro. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”.
Segundo Moro, Bolsonaro se referia à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. O presidente, por sua vez, disse que se referia à segurança pessoal dele, cuja responsabilidade é do Gabinete de Segurança Institucional.