Depois de anunciar que o número de testes em Sobral para a covid-19 estaria acima da média dos municípios do interior do Ceará, com 6 mil exames realizados, o prefeito Ivo Gomes tem sido cada vez mais questionado, pelo povo, sobre a efetividade das ações divulgadas.

Muitas pessoas reclamam que, mesmo com os sintomas da doença apresentados durante a consulta médica, como dor de cabeça, no corpo, febre alta e diarreia, os postos de saúde não têm realizado o teste. O designer gráfico Edwalcir Santos (50) sentiu isso na pele, quando buscou ajuda. “O prefeito falou que quem tivesse contato com alguém infectado deveria procurar o posto para fazer o teste. Fui com essa certeza, mas a conversa foi outra”, diz Edwalcir.

O designer ficou decepcionado com a resposta que ouviu do médico. “ Ele disse que, depois que o prefeito falou das testagens, houve uma procura muito grande, chegando a faltar exames. Eles estavam priorizando os idosos e as pessoas de risco, aquelas com comorbidades. Me receitaram alguns medicamentos, colocaram meu nome na lista de exames e passaram a me monitorar por telefone”, revela o profissional, que teve de voltar ao posto, quando perdeu o paladar e o olfato, dias depois. “Voltei no dia 1º de junho. Questionei a médica quanto a falta de exames, e ela reforçou que não sou do grupo de risco, e mesmo com os sintomas, não faria nenhum teste. Até hoje, não tenho nenhum diagnóstico real da doença. Meu filho também segue da mesma forma”, lamenta.

Segundo as informações da Secretaria da Saúde de Sobral, o teste para confirmar ou não a Covid-19 só pode ser realizado em pacientes que apresentem os sintomas há, pelo menos, sete dias. De acordo com a secretária, Regina Carvalho, a medida aumenta a precisão do exame. “O nosso critério de testar pacientes que tenham tido contato com algum caso confirmado aumenta a assertividade do exame e as chances de termos casos positivos, daí uma explicação também para o número elevado de casos positivos no município”, pontua.

No que se refere a remédios, a terapia combina o uso do corticoide prednisona e do antibiótico azitromicina, em pacientes a partir do quinto dia de sintomas, que não precisem ser internados. Enquanto Sobral só fornece dois remédios, prefeituras como Granja e Barroquinha, ditribuem um kit com seis medicamentos: hidroxicloroquina, ivermectina, zinco e vitamina D, além dos dois ofertados em Sobral: azitromicina e prednisona.

O número de pessoas que reclamam tem aumentado na cidade. Francisco Pereira da Silva (72), morador do Novo Recanto, é outro que foi atendido do PSF do bairro, mas diz não ter recebido nenhuma medicação. O homem, que foi orientado a ficar de quarentena, em casa, também não fez nenhum teste para covid. “ Estou me medicando por conta própria. Estou isolado, sem fazer teste, sem fazer nada. Marcaram esse exame para esta quarta-feira, dia 10. Tive de ligar para o posto, e não vieram”, lamenta o homem, que teve o teste remarcado para essa quinta-feira (11), feriado de Corpus Christi.