Covid-19 acelera desenvolvimento de tecnologia na saúde

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Com a pandemia do coronavírus, todo o sistema de saúde foi atualizado praticamente da noite pro dia com o uso de novas tecnologias. Enquanto hospitais e pacientes experimentaram o uso destas tecnologias ainda de forma tímida, já era perceptível que este se tornaria rapidamente um novo padrão. De acordo com alguns analistas a pandemia acelerou o desenvolvimento de ferramentas digitais e adoção da telessaúde em até cinco anos.

Este ano no Forbes Healthcare Summit, um dos eventos de saúde mais influentes do mundo, a CEO da Anthem, Gail Boudreaux disse:

“A pandemia nos deu liberdade para avançar ainda mais rápido. Embora muitas dessas coisas já existissem antes, a pandemia realmente nos permitiu ver, com todos predominantemente em casa, que temos que pensar de maneira muito diferente sobre como os cuidados de saúde são prestados.”

Muitos outros altos executivos da área da saúde apoiaram os comentários de Boudreaux, mas alguns ainda acham que o ritmo não está acelerado o suficiente.

Logo abaixo, você poderá ver alguns dos principais insights sobre saúde digital apresentados no Forbes Healthcare Summit:

Consultas médicas virtuais não tomarão o lugar do encontro físico Embora a Covid-19 tenha inaugurado a era da consulta médica virtual, os robôs não assumirão o controle tão cedo. “Não podemos pensar em tecnologia de saúde operando por conta própria”, disse Roy Schoenberg, coCEO da empresa de telessaúde Amwell. No final das contas, essa prática é experimental. “A garantia que você obtém de um clínico é importante, embora o valor preditivo positivo de um algoritmo seja incrível”, disse Schoenberg. Há uma arte, disse ele, em fundir os dois: “Devemos ter a humildade de reconhecer que a evolução desse tipo multiplex de tecnologia e cuidado físico com a saúde só acontecerá se entendermos o que de fato faz os pacientes se sentirem bem.”

Equilíbrio entre velocidade e segurança O Vale do Silício popularizou o mantra “avance rápido e quebre coisas pelo caminho“, mas as empresas de tecnologia de saúde não pode se dar esse luxo. “Você não vai conseguir uma empresa de sucesso nesta convergência tendo apenas especialistas em saúde, ou apenas engenheiros trabalhando, você realmente precisa reunir as duas culturas”, disse Daphne Koller, fundadora e CEO da Insitro. As companhias precisam descobrir como navegar na velocidade das inovações de engenharia e, ao mesmo tempo, garantir a segurança do paciente e a conformidade regulatória. Mas também é necessário que os reguladores adaptem suas práticas de longa data para dar conta das mudanças tecnológicas. “Há um equilíbrio aqui que ainda não foi discutido, especialmente no que se refere a coisas que envolvem dispositivos de medição e software que tocam um paciente”, disse Koller. Ela ofereceu o exemplo de um software de aprendizado de máquina, que aprende e se torna melhor com o tempo, em vez de uma terapia típica em que o processo de ensaio clínico é estruturado para atingir os resultados primários.

Biomarcadores digitais vão melhorar os cuidados com saúde, a próxima fronteira será incorporar mais sensores às decisões de tratamento. Boudreaux disse que a Anthem firmou uma parceria recente com a Apple e a University of California Irvine para usar Apple Watches para “nos ajudar a entender os biomarcadores para asma”, uma doença que afeta 25 milhões de norte-americanos. “Para tratar corretamente a asma é preciso ter autocuidado e autogerenciamento”, disse Boudreaux. A esperança é deixar de usar protocolos analógicos para ajudar os pacientes a descobrir os gatilhos em tempo real monitorando índices como frequência cardíaca, oxigênio no sangue e sono, com o objetivo final de poder sugerir mudanças de comportamento personalizadas. O estudo planeja analisar 900 pacientes. A capacidade de monitorar constantemente os biomarcadores dos pacientes também terá grandes implicações para o desenvolvimento de novos medicamentos, disse o CEO da Roche, Severin Schwan. “O estado de saúde de um paciente pode variar muito de um dia para outro”, disse ele. Mas esses sensores serão capazes de medir com mais precisão como os pacientes estão respondendo a novos medicamentos. “Você pode rastrear movimentos com seu smartphone. Isso não era possível há 10 anos, mas hoje é possível e funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana.”

Grandes conjuntos de dados criarão assistência médica mais equitativa Quando o assunto é testes clínicos para medicamentos, um problema antigo é que os participantes dos experimentos não refletem necessariamente o gênero e a diversidade étnica da população. Mas isso pode ser superado por meio de avanços tecnológicos e da criação de conjuntos de dados seguros de pacientes em todo o país. “No momento, muitos dos bancos de dados de pacientes com os quais lidamos são pessoas de ascendência principalmente europeia com status socioeconômico muito específico. E isso está realmente criando vieses nos resultados”, disse ela. Mas, à medida que mais empresas descobrem como usar o aprendizado de máquina com segurança em grandes conjuntos de dados unificados que incluem populações de pacientes mais diversas, soluções mais equitativas seguirão. “Acho que vai ser uma oportunidade dramática para a descoberta biológica que também vai aprimorar a capacidade de descobrir novos medicamentos”, disse Koller.

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