Mais de 11 milhões perderam emprego no setor privado em um ano

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Número é superior à população de Portugal e reflete os efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a economia brasileira viu um contingente superior à população de Portugal deixar o mercado de trabalho no setor privado.

Entre os meses de setembro de 2019 e de 2020, 11,5 milhões de brasileiros saíram da população ocupada no setor privado, número recorde, segundo levantamento realizado pela consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Trimestral.

No total, o Brasil tinha 70,6 milhões de trabalhadores que atuavam no setor privado em setembro do ano passado, número que inclui formais, informais, empregadores, conta própria, entre outros.

O levantamento do IDados evidencia que a atual crise do mercado de trabalho tem sido diferente das observadas em anos anteriores. Em períodos recessivos, a população ocupada sempre recua no setor privado, mas não com a intensidade vista atualmente. O que se percebe, agora, é que os brasileiros desistiram de procurar emprego.

Entre dezembro de 2015 e 2016, por exemplo, quando o país lidava com a combinação de uma crise econômica e política, a destruição de postos no setor privado chegou a quase 2 milhões. Ou seja, a destruição de empregos causada pela pandemia é cerca de seis vezes maior do que a verificada na última recessão.

“Em outras crises, o que a gente via, principalmente na de 2014, era uma saída muito forte do mercado formal, mas ela era compensada com uma maior informalidade da população”, afirma Mariana, do IDados. “Dessa vez, o que parece estar acontecendo é que, por falta de emprego, a população tem saído totalmente da força de trabalho”, diz a pesquisadora.

Com a pandemia e o descontrole da doença no país, muitos brasileiros deixaram de sair de casa para procurar emprego e passaram a ser considerados fora da força de trabalho do país. O Auxílio Emergencial também contribuiu para que uma parcela significativa da população pudesse ficar sem trabalhar durante a crise sanitária.

“Pelo menos para a população mais pobre, o Auxílio Emergencial ajudou a manter a renda”, afirma Mariana. “Existem registros que a pobreza caiu no Brasil, em grande parte por causa do auxílio.”

O Auxílio Emergencial foi pago até dezembro e chegou a 68 milhões de trabalhadores. O custo do programa foi de R$ 300 bilhões e representou um elevado gasto para o governo num momento de restrição fiscal. A equipe econômica ainda não indicou se o programa será continuado ou se ganhará um substituto.

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