TAIWAN: Ilha que rejeitou lockdown registrou apenas 10 mortes por Covid-19
O país só teve o primeiro óbito pela doença no dia 30 de janeiro de 2021. Na ocasião, o ministro da Saúde, Chen Shih-chung, disse que a vítima foi uma mulher de 80 anos com histórico de problemas renais e diabetes. Ela vivia na mesma casa que uma enfermeira que trabalhava no hospital e foi infectada lá.
Com apenas 998 casos e 10 mortos pela Covid-19 desde o início da pandemia, Taiwan é considerado um exemplo de combate ao novo coronavírus (Sars-CoV-2) em todo o mundo. A ilha, que tem cerca de 23 milhões de habitantes, nunca precisou passar por um lockdown , mas fez uso da tecnologia e de medidas para garantir o cenário tranquilo atual.
O médico infectologista Júlio Croda explica que o país asiático apostou, entre as ações iniciais para conter o vírus, em bloquear a imigração, acompanhar e rastrear os casos da doença na população, e testar os moradores para impedir que a transmissão aumentasse de forma rápida.
No dia 20 de janeiro de 2020, Taiwan estabeleceu uma Central de Controle de Epidemias (CECC), composto por especialistas em medicina e saúde pública, liderado pelo vice-presidente Dr. Chen Chien-jen, um epidemiologista.
Nunca houve lockdown aqui”, diz brasileiro que mora em Taiwan
O professor de inglês Steve Ni, brasileiro que mora na ilha, relembra que logo no início da pandemia o governo fechou o espaço aéreo e marítimo internacional e todos os passageiros que ainda conseguiam entrar no país eram testados.
“Eles também disponibilizaram um 0800 para qualquer pessoa com suspeita de Covid entrar em contato e criaram a lei de obrigação do uso de máscaras em locais públicos, além da quarentena para quem chegava aqui”, conta.
Em março de 2020, Taiwan proibiu todos os estrangeiros de entrarem na ilha, com exceção de diplomatas, residentes e cidadãos com vistos especiais de entrada.
Steve explica que essas e outras medidas ajudaram a combater a transmissão do vírus.
“Nunca houve lockdown aqui, eu tenho uma vida normal. Quando a gente se encontra, ninguém usa a máscara, nem na rua. Só usamos em locais como bancos, mercados e no transporte público”, diz.
Sobre a rotina do país, o brasileiro diz que está tudo funcionando normal, com restaurantes e academias de portas abertas. “Os casos foram todos importados, não são nativos daqui”, conta Steve.
Experiência com o outro surto ajudou
Além da facilidade para controlar a entrada e saída de pessoas em seu território por ser uma ilha, Taiwan adquiriu experiência com pandemias. Em 2003, o país sofreu um surto da síndrome respiratória aguda grave (Sars) e conseguiu fortalecer a capacidade de resposta. Na época, morreram 73 pessoas pela doença.
Com essa experiência, o país ficou vigilante quando o primeiro caso da pneumonia misteriosa foi relatado em Wuhan, na China.
A ilha, que não é membro da Organização Mundial da Saúde (OMS), espera que o exemplo no combate ao novo coronavírus facilite a entrada na instituição. O ministro Chen Shi-chung diz que desde o começo da pandemia, Taiwan já recebeu apoio de diversos líderes políticos para que seja aceita na OMS, de países como Japão, Canadá, EUA e Nova Zelândia, além de deputados do Parlamento Europeu.
Fonte: Terra Brasil Notícias