Dias Toffoli recebeu R$ 4 milhões de propina, delata Sérgio Cabral

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Pela primeira vez, enfim, a Lava Jato atinge um membro do mais alto escalão do Judiciário. Com o envolvimento de um leque de personagens do mundo empresarial e políticos (Executivo e Legislativo), era muito estranho que ninguém do Judiciário tivesse sido indiciado no maior escândalo de corrupção. Havia muita especulação e murmúrios, mas nada formalizado. Só agora.

A Polícia Federal solicitou ao STF autorização para abrir inquérito contra Dias Toffoli, delatado pelo ex-governador Sérgio Cabral. Segundo o delator, sentenças de Toffoli, no Tribunal Superior Eleitoral favoreceram dois prefeitos do Rio, ao custo de R$ 4 milhões. Segundo o relato, o pagamento foi efetuado por Hudson Braga, então secretário de Obras do Rio, num escritório de advocacia de Roberta Rangel, mulher de Toffoli.

Dias Toffoli negou todas as acusações. Enquanto o STF tenta minimizar acusação de venda de sentença na corte, o Senado pressiona pela investigação. Não será tarefa fácil. Ainda esta semana, o TRF1, sediado em Brasília, suspendeu uma ação contra César Asfor Rocha, o cearense que foi presidente do Superior Tribunal de Justiça, que respondia pelo mesmo crime. A corporação tende a proteger os seus. A batata quente está nas mãos de Fachin

Se seguir a jurisprudência do STF, o destino será o arquivamento, tendo em visgta que a Procuradoria Geral da República se opôs ao acordo de colaboração, que só foi firmado no âmbito da Polícia Federal. Se a PGR pede o arquivamento, conforme a maioria dos casos, o tribuna se queda e aquiesce. Mas não foi o caso do Inquérito do Fim do Mundo, tocado por Alexandre de Moraes contra aliados do governo. Neste caso por demais atípico, em que a vítima, o investigador e o julgador são a mesma pessoa, a PGR foi contra, mas o STF deu continuidade.

Parlamentares já lhe pediram o impeachment e lembram do rumoroso caso da soltura de José Dirceu, que se deu de forma muito rápida. Muitos acharam que teria que ter se colocado como impedido, pois trabalhara no gabinete de Dirceu, quando este era ministro da Casa Civil.

Toffoli, citado en passant em outros episódio como o amigo do amigo do meu pai, não seria o único, mas o primeiro entre alguns. Para não deixar a boiada passar, é melhor fechar a porteira.

Mesmo que o STF se feche em copas, o Judiciário vai continuar na berlinda. Está marcado para esta quinta-feira (13/5) o depoimento remoto de José Carlos Lavouras, ex-presidente da Fetransporm ai juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato carioca. De Portugal, para onde se evadiu (no jargão do jornalismo policial), ele deve citar vários desembargadores do Rio a quem teria pago propina.

O depoimento é dentro do processo que julga o Rei do Ônibus, Jacob Barata Filho, herdeiro do dono do grupo Expresso Guanabara, aquele que num passado não tão distante foi solto muito rapidamente por habeas corpus concedido por Gilmar Mendes, por três vezes consecutivas. Repetindo: três vezes presos, três vezes solto por Gilmar,

Mendes era comensal da família Barata, tendo sido padrinho de casamento da filha do empresário. Além do mais, o advogado de Barata é também advogado de Gilmar Mendes, que fez ouvido de mercador para os pedidos de suspeição levantados então pelo Ministério Público.

E assim caminha nosso Judiciário. Até quando?

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