Renan Carcereiro quer prender todo mundo
Imagina um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros. Essa frase do senador Flávio Bolsonaro foi o ponto de maior fervura na edição desta quarta-feira (12/5) da CPI da Cloroquina, para oitiva de Fábio Wajngarten, ex-titular da Secretaria de Comunicação do Governo Federal. A exacerbação de Bolsonaro foi fruto das infrutíferas tentativas de Calheiros que queria porque queria a prisão do depoente.
A prisão é prevista durante em CPI em caso de descumprimento de alguns ritos, como a mentira, mas é fato raríssimo. Por várias vezes, Renan não apenas ameaçou como pediu a prisão de Wajngarten que, na interpretação de senadores, teria mentido. Foram claras contradições, mas como provar a mentira? Exemplo. Na interpretação até do presidente da CPI, Omar Aziz, o antigo Secom teria chamado o ex-ministro Eduardo Pazuello de incompetente, em entrevista para a revista Veja, por retardar a compra de vacinas.
Mesmo o depoente afirmando que não tinha citado o ex-ministro, mas a instituição pública, os senadores insistiam que ele confirmasse. Isto é, queriam que ele mentisse. Demonstrando abuso de autoridade, Renan afirmou que o depoente mentira para a Veja e para a CPI, por isso lhe pediria a prisão. Alto la! Desde quando é crime mentir para veículos de imprensa? Se houvesse prisão por mentiras publicadas, seria pequeno o número de jornalistas soltos.
E o parâmetro para apontar as “mentiras” era a publicação da revista. Mas, como cotejar? E se ele tivesse mentido para a Veja e dito a verdade para a CPI? Além do mais, se é mentira sobre a afirmação de incompetência do ministro, qual a relevância para a CPI a ponto de provocar a prisão, algo sobremaneira dificultado na legislação brasileira? Fosse o contrário, muitos dos que estão ali como investigadores estariam detrás das grades por crimes infinitamente mais graves.
Esse tipo de pantomina só serve para desmerecer o Congresso e demonstrar que a CPI da Cloroquina é cada vez mais circense. Renam Calheiros, neste dia mais que nunca, visivelmente sem condições emocionais (nem morais) para aquele cargo. Como mirar seu rosto sem vislumbrar o cinismo? E ele mal disfarça a ânsia de atingir o governo. Ainda bem, tivemos o equilíbrio do presidente da CPI que não quer “ser carcereiro de ninguém”.
Outros senadores fizeram coro à demanda por prisão, como o gasguita do Amapá, cuja fala fina e ferina exigia aos gritos: “Tome uma providência, presidente, tome uma providência”. A providência foi suspender a sessão para serenar o ânimos. Qual nada!
A temperatura subiu muito com a luxuosa participação do senador Flávio Bolsonaro, que acabou lavando a alma de quem não suporta Renan e sua penca de processos e inquéritos por responder. Pediu a palavra e passou a elogiar a postura de equilíbrio do presidente da CPI, mas foi interrompido por Renan. Na bucha, mandou esta: “Imagina um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan Calheiros”. Fora dos microfones, ainda mandou ver com um “vá se fo…”.
A molecagem cearense não perderia a oportunidade para um sonoro PEGA FOGO, CABARÉ.
O certo é que, com essa desenvoltura, o senador das Alagoas já pode ostentar um sobrenome que lhe vem a calhar: Renan Carcereiro