Carência de vacina é problema em todo o mundo

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Quem assiste ao noticiário nacional é levado acreditar que a ausência de vacina se deve a Bolsonaro (é culpa do governo) e que todos já estaríamos imunizados com a vacina da Pfizer, não fosse a recusa do governo em fechar os contratos com a farmacêutica. Com raras exceções, todo o mundo sofre com a carência, com a demanda muito maior que a oferta. Já se esperava nova onda da pandemia. Mas o surgimento de novas cepas, ainda mais agressiva, atrapalhou os planos e cronograma de laboratórios e países.

O Brasil já firmou contratos com seis laboratórios. Dois nacionais (Butantan e FioCruz), que produzem respectivamente a Coronavac e Astrazeneca, os dois com insumos chineses. Dois americanos (Pfizer e Johnson & Johnson), um indiano (Serum) e um russo (Sputnik). Mesmo contratado com antecedência, e aprovado pela Anvisa, a Índia não mandou nenhuma dose ainda.

A Pfizer, os maiores contratos, só mandou primeiro lote de um milhão de vacinas, num contrato de 100 milhões de doses. A Jansen só vai ter condições de mandar a partir de outubro. O justificável atraso nas negociações com a Pfizer não implicou grandes perdas, mesmo porque só na segunda quinzena de fevereiro é que a farmacêutica obteve o aval da Anvisa.

A carência por insumos da vacina é mundial, tem-se transformado num instrumento de dominação geopolítica. Nem a Pfizer, a mais poderosa, tem cumprido seus contratos. Países da União Europeia reclamam de atraso e até ameaçam boicote. Eles exportam os insumos, mas não conseguem importar a vacina pronta.

A China tem atrasado, não por rusgas ideológicas entre seus governantes. O embaixador chinês disse que o Brasil é o que ais recebe entre os 50 países para quem os asiáticos exportam. Há forte pressão interna por vacina. A promessa chinesa de transformar seu produto em um bem público global para acabar com a pandemia ainda está muito longe da realidade. Todos estão priorizando seus próprios países e vizinhança. A OMS não tem conseguido muito sucesso com seu consórcio.

Os governadores, que esbravejam contra o governo federal, tiveram autorização judicial e até uma lei específica para lhes propiciar a negociação, ainda não conseguiram comprar uma única dose, É óbvio que os grandes países produtores de vacinam dariam prioridade aos seus nacionais.

No mundo das guerras biológicas, a principal arma está nas vacinas. Os países que as desenvolvem são como aqueles detentores de poderio bélico, incluindo arsenal atômico das guerras tradicionais . Hoje, as disputas se dão no mundo cibernético e nos laboratórios. Seja para a produção de vírus – como o cinema está cheio de roteiros -, seja na produção de seus antídotos.

Quem, como o governador paulista , João Dória, e o presidente do Butantan, Dimas Covas, diz que a China deixa de fornecer vacinas, colocando vidas em risco, só por uma questão ideológica ou diplomática, está detratando o caráter do governo chinês. Posto que seria capaz de tudo, até de produzir um vírus.

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