Dia de fúria no circo da CPI da Cloroquina

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Depois da passagem do furacão Mayra, esperava-se um dia de calmaria na CPI da Cloroquina, já que não haveria oitiva de depoentes. Serviria apenas para aprovação de requerimentos que indicariam os próximos convocados. Qual nada! Até o bloco monolítico da oposição rachou, cada um buscando blindar seu protegido preferido entre os governadores que irão depor.

Até o presidente da comissão, senador Omar Aziz, perdeu as estribeiras, demonstrando falta de controle e compostura para a responsabilidade do cargo. Acusou um e outros de não cumprir o acordo firmado a portas fechadas. Pegou ar e explodiu em cima do mais pacífico deles, o cearense Eduardo Girão, a quem chamou de “oportunista pequeno”.

A primeira desavença foi com o relator quando posto à mesa o requerimento para convocar Hélder Barbalho, governador do Pará, e filho de Jáder Barbalho, que compõe a CPI, embora na suplência. Imagina se resolverem convocar o Renanzinho, que governa Alagoas.

Pelo critério acordado, foram convocados os governadores que estão sendo investigados por possíveis desvios de recursos encaminhados pelo governo federal para enfrentamento da pandemia. Doria (SP) ficou de fora, assim como Eduardo Leite (RS) por não se enquadrarem nos requisitos.

Com a voz esganiçada e a sofreguidão de sempre, o vice-presidente rimou com o titular na falta de equilíbrio, revelando imaturidade. Randolfe Rodrigues (AP) subiu nas tamancas quando Marcos Rogério (RO) chamou de piada sua iniciativa de apresentar requerimento para convocar o presidente Bolsonaro.

Randolfe tinha certeza que não teria sucesso, mas desejava os holofotes. Era, mais uma vez, um movimento de vingança. Já que mexeu com seu governador, chame também o presidente. Segundo ele, a vedação de chamar o presidente é a mesma para governadores. E não é verdade, os governadores serão inquiridos apenas, e tão somente, sobre os recursos federais. Era mesmo palhaçada.

E por que não chamam também os prefeitos? Essa pergunta, formulada por Eduardo Girão, foi o estopim para explosão de Aziz. E não adiantaram os apelos por calma. O acesso de fúria fez o senador, que já governou o Amazonas e alvo de investigação de corrupção na área da saúde, atirar labaredas contra Girão. O cearense manteve a calma.

A CPI, que originalmente só investigaria ações e omissões de Bolsonaro, incluiu governadores e prefeitos, por iniciativa de Eduardo Girão, que coletou mais assinatura que o requerimento original para ampliar as investigações.

Diante da pandemia da cólera que infectou a CPI, o acometido com maior carga viral foi exatamente o seu presidente que queria tocar fogo no circo, chutar o pau da barraca.

E sobrou para o Girão, que sofreu as consequências por ter feito de um giro um jirau.

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