A sordidez do Fala Fina

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Depois da participação da Dra. Mayra Pinheiro na CPI da Covid, explodiu nas redes o esgoto humano que a esquerda costuma apontar em seus adversários, um combo que engloba numa cesta básica sexismo, machismo e misoginia. Se a mulher é de direita, vem à tona todo o mal disfarçado ódio à fêmea. A agenda progressista só acolhe quem tem alinhamento ideológico. Caso contrário, não passa de um capitãozinho-do-mato, na expressão racista de Ciro Gomes.

Durante todo o seu depoimento, Mayra Pinheiro foi constantemente interrompida. Em várias ocasiões, chegava implorar de forma clássica e serena: “O senhor me permite concluir meu pensamento”. Esse tipo de assédio tem uma expressão para nomeá-lo, “manterrupting”. Quer dizer homens que interrompem constantemente uma mulher, de maneira desnecessária, impedindo que ela consiga concluir sua frase. Você ouviu por aí alguma feminista protestando? Zero.

Mas estava por vir a sordidez. O pernambucano Randolph Frederich, senador pelo Amapá, com o nome artístico de Randolfe Rodrigues, atuando como vice-presidente da CPI da Covid. Líder da Rede, que tem como presidente uma mulher, Marina Silva, o senador DPVAT tentou constranger a mulher que estava ali para dar esclarecimentos. Mas o Fala Fina tinha predileção por detalhes picantes. Randolfe foi petista, do Psolista, mas não deslembra de que não passa de machista.

Sem qualquer relevância ou associação com o objeto da CPI, depois de sucessivas demonstrações de manterrupting, ele saca do cós um áudio vasado de uma antiga conversa privada entre amigos. Nela, Mayra retrata a situação da FioCruz, uma das muitas instituições aparelhadas pela esquerda. Descreveu a exposição ubíqua de frases como “Lula livre”, “Mariele vive”, entre outras. E citou a existência de um objeto simbolizando um pênis na entrada da instituição.

Qual o motivo de trazer essa conversa, a não ser para constranger a depoente? Para que serviu a não ser para atiçar a matilha que se sentiu à vontade para explorar a figura da mulher, como se visse objetos fálicos em todo canto. Chegaram a dizer que ela tinha confundido a logomarca dos 120 anos da FioCruz. Detalhe: a fundação completou 120 anos em 2020. A frase de Mayra é anterior a 2018. Mas esse povo não quer verdades, quer impor suas narrativas.

Testemunhei essa reação ignominiosa numa postagem em que eu apenas publiquei uma foto e uma declaração de amor para Mayra. As hienas avançaram no meu território faceboquiano para dizer asneiras. Dentre elas, uma figura pública, o advogado Deodato Ramalho, ex-vereador do PT, sendo líder do partido em Fortaleza, do qual já foi presidente. E foi secretário municipal quando o gestor da cidade era uma mulher: Luizianne Lins. Fico imaginando se o alvo dessa sanha machista fosse sua chefe. O mundo viria abaixo, e com razão.

Uma simples postagem com declaração de amor despertou o ódio nos mal-amados.

Deodato Ramalho é cínico, pois o seu simulado discurso progressista cedeu ao ódio. Veio insinuar que a médica pediátrica à frente de uma secretaria do Ministério da Saúde teria visões fálicas, o símbolo machista por excelência. Lembrei a ele, e aos demais tarados, que a médica foi ouvida por mais de oito horas na sessão da CPI, e a única parte de que eles se lembram é a do pênis.

Quer dizer, é deles a preferência pelo falo, e não pela fala. Chama o Freud.

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