Uma comissão para lamentar

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Os membros da CPI da Covid se reuniram sem máscara durante a sessão de quarta-feira (16/6),que ouviria o depoimento do ex-governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro. Ele é réu, acusado de chefiar organização criminosa que desviou recursos destinados ao combate da pandemia. Até sua esposa recebia propina.

Alvo de três operações policiais, foi afastado do governo por decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça, processo de impeachment aprovado sem nenhum voto contra. Também por unanimidade do conselho misto, que envolvia desembargadores e parlamentares, foi afastado definitivamente do cargo, com a  suspensão dos direitos políticos.

Com essa folha corrida o ex-governador chegou ao Senado escoltado por um habeas corpus que lhe garantia o silêncio para perguntas que lhe poderiam incriminar e lhe dava o direito de se retirar caso se sentisse incomodado. Diante de um arsenal de irregularidades já levantadas pelo Ministério Público, seria relevante sua participação diante da CPI que tem sido das mais inquisidoras. Mas os nobres deputados derrubaram suas máscaras. Os atores chinfrins não se desfizeram do item usado para evitar proliferação do vírus. Deixaram cair a máscara da hipocrisia.

Witzel usou o picadeiro que lhe foi ofertado como palanque para destratar seus opositores. Acusou todas as instituições de persegui-lo. Desde o STJ, a quem chamou de tribunal de exceção, aos membros do Ministério Público, tido por ele como perseguidores, até os desembargadores e deputados que o impediram de continuar no Palácio Laranjeiras. Por fim, o culpado maior, Bolsonaro. Punido por unanimidade em todas as instâncias, Witzel sabia que a CPI lhe seria leve se atacasse o presidente da República, seu maior opositor político. E assim foi.

A cena mais constrangedora foi o olhar contrito de um comovido Renan Calheiro manifestando solidariedade ao réu, que se dizia vítima de perseguição. Era bandido protegendo bandido. O campeão de inquérito no STF, pródigo em processos em várias instâncias, das Alagoas ao Planalto, Renan se confraternizava com o primeiro governador que deixou o governo por impeachment.

O pai do filho da ex-modelo Mônica, que teve pensão paga com dinheiro de propina, não se fez de rogado. Esqueceu-se do objetivo da CPI e encetou perguntas sobre o assassinato de Marielle, citando insidiosamente e de forma recorrente o nome dos Bolsonaro. Só picuinha.

Até mesmo o presidente Omar Aziz advertiu que ele estava fugindo do tema, quando alertado pelo senador Flávio Bolsonaro. Mas o vice-presidente temperou a garganta para levantar a voz  gasguita: “Ele tem o direito de fazer a pergunta que quiser”. Apesar de todas as incongruências da fala de Witzel, que posou de mocinho, ele foi tratado com muita cordialidade. Completamente diferente do que se fez, por exemplo, contra duas mulheres: doutoras Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi. E em menor escala contra Pazzuelo e Queiroga.

O tom já mudara em relação a Marcellus Campelo, ex-secretário da Saúde do Amazonas, que chegou a ser preso por cinco dias em operação da PF por desvios de recursos da saúde. Ele fora ouvido no dia anterior. O embate com cidadãos que não comungam com a oposição é feroz, muitos deles com a determinação de quebra de sigilo bancário e telemático, sem que haja qualquer acusação contra eles. Já com os verdadeiros bandidos, que já foram presos e respondem a processo, a oposição é toda candura.

Não à toa, o requerimento para convocação de Carlos Gabas, ex-secretário do Consórcio Nordeste, foi recusado pela CPI. O executivo é acusado de ter comprado respiradores com sobrepreço e que não foram entregues. Sua oitiva poderia comprometer governadores, dois deles filhos de senadores que compõem a CPI (Calheiros e Barbalho).

Sem as máscaras, os parlamentares deixaram claro que não se preocupam com as mortes causadas pela pandemia. Eles se aglomeram em cima de uma multidão de cadáveres, tripudiam sobre a dor das pessoas, para fazer política barata. Não estão interessados em investigar os assassinos que desviaram dinheiro que deveria ser usado para salvar vidas. Querem apenas salvar suas próprias vidas políticas e desgastar o presidente Bolsonaro. Não passam de cúmplices dos verdadeiros bandidos.

Ali, a cena era de filme sobre a máfia. Bandidos que se detestam entre si, mas unidos com o fim de combater a legalidade. Um dos chefões se apressou a dizer que iria se retirar logo que a primeira pergunta incômoda começou a ser formulada pelo cearense Eduardo Girão. Witzel agradeceu rapidamente e se dispôs a colaborar no futuro, em sessão secreta. E saiu trocando soquinho com Omar Aziz.

Cai o pano.

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1 Resultado

  1. Carlos disse:

    TODOS DEVEM AO JUDICIÁRIO…SÓ TEM LADRÃO VAGABUNDO NA CPI DA VAGABUNDAGEM…!!!

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