Troca de farpas gera tensão entre os poderes da República
A imprensa classifica como golpista a frase de Bolsonaro “Teremos eleições limpas, ou não teremos eleições”. Seria um preparativo para o golpe, pois não reconheceria o resultado das eleições em caso de insucesso. Na verdade, o golpe já foi dado.
Enquanto a exacerbação de Bolsonaro se dá no campo retórica, ações do STF afrontam a Constituição. Desde a criação do inquérito do fim do mundo, a invenção de uma prisão em flagrante por crime de opinião, a invasão de prerrogativas do Executivo ao impedir nomeação de diretor-geral da PF, entre outras, e interfere em assuntos internos do Legislativo.
Por último, contrariando toda a jurisprudência, temos um tribunal novidadeiro. Sete anos depois, anula duas condenações emanadas da primeira instância e confirmadas em duas outras, por entender, num embargo de declaração, que Curitiba não tinha competência para julgar Lula.
Mais que isso, numa reviravolta de votos, com a decisão de turma (por um voto), declara-se Moro parcial e anulam-se todos os processos.
O golpe está aí, mas só se reclama de Bolsonaro, inimigo número do establishment que precisa ser alvejado a qualquer custo. Mesmo ao arrepio da Lei.