Com o reforço de Ciro Nogueira, Bolsonaro prepara o time para a temporada de 2022, rumo ao bicampeonato. Na chegada do craque, o técnico reposiciona os jogadores de sua confiança para outras funções.

General Ramos deixa a Casa Civil para quem é realmente do ramo e deve ocupar a Secretaria Geral de Governo. Já Onyx Lorenzoni, o mais versátil, será deslocado para o recriado Ministério do Trabalho, com a função de dar mais agilidade no ataque para recuperação dos pontos perdidos no emprego. Se conseguir, será gol de placa.

Para quem confunde essa dança de cadeira como fraqueza, achando que o governo se entregou ao Centrão, fica o alerta para uma melhor leitura da situação, ou vai ser vítima de um verdadeiro nó tático. A torcida preferia que o time jogasse com a prata de casa, mais ideologicamente alinhada com o seu futebol arte. Porém, mais vale ganhar do que jogar bonito.

Há quem torça o nariz para a contratação de um jogador que já foi estrela do time adversário, preterindo quem tem amor pela camisa. Mas o novo craque já entrou em campo beijando o escudo de sua nova equipe e promete dar o melhor de si para a conquista dos resultados pretendidos. O jogo é duro, precisa de profissionais.

O time já conta com uma defesa bem posicionada na Câmara, mas andou levando contra-ataques, em perigosas jogadas de bolas nas costas originadas no Senado. Espera-se que Ciro, o Camisa 10, exerça essa função, articulando do meio-campo em diante, em busca do gol adversário e mantendo a bola distante de sua própria meta.

Com a equipe renovada, espera-se melhor desempenho numa das vertentes do campo. Paulo Guedes já desenhou a estratégia, com a retomada da economia. Pretende trocar passes com Lorenzoni, tendo em vista que o emprego é o último elemento a se recuperar. Conta com sua disposição para tornar mais ágil a passagem de bola.

O valor da bolsa família, que passa de 190 reais para 300, e uma gama de programas sociais que visam dar dignidade aos menos favorecidos devem animar a arquibancada para empurrar o time pra frente. No campo legislativo, há um leque de reformas para reorganizar o país e cumprir as promessas da primeira campanha, que foram paralisadas pela pandemia, que chegou a fechar estádios, travando a competição.

A rearrumação na Esplanada dos Ministérios também se assemelha a uma partida de xadrez, jogo-arte-ciência que Bolsonaro parece dominar. Muitas vezes você opta por uma abertura e se vê obrigado a repensar sua estratégia diante de uma jogada inesperada do adversário. Agora se dá o reposicionamento do tabuleiro, incluindo sacrifício de peças para tomar de assalto o rei adversário.

Nessa plataforma política, que precisa de mais efetividade na comunicação, o governo se prepara para a mais polarizada das disputas. Nada melhor do que contar com a garantia do VAR (Video Assistant Referee), que responde pelo nome de voto impresso auditável, para evitar que se precise recorrer ao tapetão.

Jogo, senhores.