Por falta de planejamento do município ou falha na logística do Governo do Estado, a Prefeitura de Sobral suspendeu a aplicação de vacina. Sem reconhecer o próprio erro ou do aliado estadual, insinuou que o problema é do Governo Federal.

Em anúncio publicado nas redes sociais deste sábado (31/7), depois de informar a suspensão temporária, a @prefeituradesobral acrescenta no segundo parágrafo: “Aguardamos o envio de novas doses pelo Governo Federal”.

Acontece que o Governo Federal jamais enviou, nem vai enviar, vacina para Sobral. O envio é feito para os estados, que redistribui aos municípios.

Enquanto falta vacina em Sobral, há excesso no Estado. No mesmo dia do anúncio mentiroso da Prefeitura de Sobral, a Secretaria da Saúde do Estado informava no vacinômetro, que havia mais de 1,1 milhão de vacinas em estoque.

Em números precisos, registrados até às 17h do dia 29/7, o Ceará havia recebido do Governo Federal 6.542.868, das quais foram aplicadas 5.436.967, Isto é: há 1.105.901 doses em estoque. Lugar de vacina é no braço e não na geladeira.

Segundo a Prefeitura, Sobral já aplicou 141.607, com quase 50% da população vacinada, percentual abaixo da média nacional, mas a primeira cidade cearense entre as mais populosas.

O município fez louvável campanha de estímulo à vacinação, com mutirões e premiações. No entanto, deve ter falhado no planejamento. Com um aliado no governo estadual, não custava pedir dose extra. Afinal, como demonstrado, há excesso de vacina na Sesa.

Em vez de assumir seus erros, a Secretaria da Saúde de Sobral tenta enganar o povo ao dizer que espera o envio de doses do Governo Federal. Há mais de um milhão de doses em estoque no estado.

Isso se chama fakenews, ou é mesmo canalhice?

Entenda o fluxo da vacina.

ATUALIZADO EM 2/8/21

Entramos em contado com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), fazendo as seguintes questões:

• 1) Faltou planejamento do município ou falhou a logística do Estado?
• 2) Procede a informação de só retomar a vacinação depois que o Governo Federal enviar novos lotes?
• 3) Como se dá o diálogo institucional entre os entes em relação ao fluxo e estabelecimento de quantidade de doses?
•  4) Por fim, é salutar esse tipo de estímulo sem ter vacinas para fazer frente à demanda que será gerada com os prêmios?

A Sesa não respondeu especificamente a nenhuma das perguntas, mas deixou claro que os “municípios devem seguir a orientação do Ministério da Saúde para reservar as vacinas de segunda dose. Como Sobral suspendeu a aplicação da primeira e da segunda dose, entende-se que não seguiu a orientação do Ministério da Saúde.

Veja a íntegra da nota:

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que quando recebe doses do Ministério da Saúde, faz a distribuição para os municípios seguindo critérios, entre eles, o número de pessoas cadastradas na plataforma do Saúde Digital. O Estado recebeu do Ministério da Saúde no último sábado, 31 de julho, 316.360 doses de vacinas para Covid-19. Sendo 173.160 doses da Pfizer/BioNTech, 143.200 doses da CoronaVac/Butantan. Os imunizantes serão enviados nesta terça-feira, 3, para os municípios.

De acordo com o Ministério da Saúde, as doses da CoronaVac serão utilizadas para primeira e segunda doses (D1 e D2), enquanto a da Pfizer será para aplicação da primeira dose (D1). Vários municípios do Estado já estão vacinando a população com menos de 35 anos.

Os municípios devem seguir a orientação do Ministério da Saúde para reservar as vacinas de segunda dose.