Carta de Bolsonaro desmonta discurso ensaiado da oposição
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, perdeu o papel de protagonista do filme que ele imaginara acontecer no Day After ao 7 de Setembro. Sobre os escombros das instituições que estariam a arder sob o fogo do incendiário Bolsonaro, ele apareceria como bombeiro, salvador da pátria, o pacificador.
Mas Bolsonaro tinha uma carta na manga, para mostrar a sociedade que não havia nada a temer. Sem incêndio, sem violência, sem golpes, tudo diferente do que a mídia quis fazer crer nas vésperas da manifestação. Fora do tom, só a retórica presidencial e o texto do global Willian Bonner.
Mesmo sem nenhum ato violento, que a Folha, jornal de raiz golpista, foi obrigada a reconhecer, a oposição gritou em coro: Impeachment. Seria o mote para as manifestações do dia 12, da galera Nenem – nem Lula, nem Bolsonaro. Mas aí chegou uma carta, que provocou um grande anticlímax.
Michel Temer, chegado a epístolas e axiomas, sacou da memória o que escrevera a Dilma, quando ainda vice da então presidenta, em escorreito latim: Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem). Assim, a bélica palavra canalha sobre Moraes voou para longe, permanecendo os escritos da pacificação.
E Pacheco saiu da ribalta, guardando para si as falas ensaiadas nos bastidores. Restou-lhe o improviso de torcer para que o tom da carta seja a tônica comportamental daqui para a frente. Pacheco ainda pode brilhar, desde que passe a cumprir sua missão institucional e faça tramitar as reformas, aceleradas na Câmara, mas em compasso de espera no Senado.
Recentemente, o Senado deu provas de que está mais alinhado na oposição ao governo do que aos destinos do país. Vivemos crise na economia, como consequência da outra crise, a sanitária. Em consequência, inflação e desemprego altos. Em vez de união para fazer frente aos problemas, muitos torcem para que se agravem para colocar na conta de Bolsonaro.
Inflação alta e desemprego correm em todo o mundo como uma nova praga, ou efeito colateral da antiga. Com exceção de China, e mais uns três países, o PIB das grandes nações apresentou forte recuo. O dos Estados Unidos decresceu 9%. A média europeia foi um pouco acima da americana. O recuo brasileiro foi de 4%m uma das melhores perfomances.
Em todo o mundo, há uma nítida compreensão de que a grande quantidade de morte foi causada pelo novo coronavírus, e o debacle econômico como consequência. No Brasil, tudo é culpa do governo. Ainda mais, quando responde pelo nome de Jair Bolsonaro.