Festival de baixaria marca CPI dos Descontrolados
Vagabundo, vigarista, picareta, ladrão. Essa troca de amabilidades ocorreu no palco da CPI da Pandemia, ao vivo, para todo o Brasil, tendo como protagonistas os senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Renan Calheiros (MDB-AL). O relator não gostou de ser interrompido e passou a destratar o adversário Quase descamba para a pancadaria.
Tudo começou quando o relator tentou colocar no colo do governo a responsabilidade pela existência de picaretas no mercado vacinas. Houve tentativas, sim, de vendas fora do padrão. Mas nenhuma foi efetivada. Mesmo assim, Renan tenta desgastar a imagem do governo. Jorginho Melo reagiu, afirmando que o senador alagoano não tinha envergadura moral para criticar ninguém.
Foi o suficiente para o descontrole de Renan. Primeiro, apelou ao presidente da CPI que não permitisse a interrupção, ato dos mais corriqueiros na comissão. Por isso mesmo, Aziz não deu ouvidos à reclamação. E começou o bate-boca, Renan dizendo que não permitia a interrupção; Mello dizendo que interromperia mesmo assim, para repor a verdade.
Renan Calheiros talvez seja quem mais interrompe os outros, também o que não permite às pessoas inquiridas terminar seu raciocínio. Isso foi feito de forma, não apenas deseducada, mas até brutal, como no caso das senhoras Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi. Mas quando a vítima é ele, parecia menino mimado, de tão incomodado em ser confrontado.
Sem mais a ter a quem apelar, levantou-se do seu trono de relator e se dirigiu ao senador catarinense para lavar a honra, que não possui. Partiu para o confronto físico, enquanto trocava insultos com o colega. Diante do descontrole total, foi o geralmente descontrolado senador gasguita do AP, Randoph Rodrigues, o primeiro a tentar conter o ataque de fúria de Calheiros.
Como não poderia deixar de ser, as cenas grotescas tomaram conta das redes sociais, muita gente afirmando ter a alma lavada com as expressões duras de Jorginho Melo, contra Calheiros, repetidas no incidente: picareta, ladrão.
A CPI, que há muito perdeu seu foco, tendo a cada novo assunto uma possibilidade de, enfim, encurralar o governo, passou a ser vista como um festival de baixaria, todo mundo fazendo tudo para aparecer. Um show de bizarrices, entretenimento de baixa qualidade.
Quando da circunstância em que a senadora Simone Tebet foi flagrada em inverdades, embora se dizendo respaldada pela leitura de um relatório – “li cada página” -, e perdeu o controle quando foi convidada a relê-lo, o coronel do cacau, senador baiano Oto Alencar, com sua usual elegância, chamou o ministro de moleque.
A molecagem se deu mesmo no dia seguinte, quando o valentão Calheiros, mais uma vez, partiu para a briga. Em outra ocasião, já distante no tempo (2019), uma sessão no Senado foi encerrada durante bate-boca entre Renan e Tasso Jereissati. Diante de tanta algazarra no circo armado da CPI, soa estranho o silêncio do presidente do Senado, que enfrenta Bolsonaro, mas se acoelha diante das patifarias em sua casa que contribuem para a péssima imagem que os brasileiros têm dos parlamentares.
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