Regime cubano intensifica repressão a ativistas

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Apoiadores de marcha marcada para 15 de novembro recebem ameaças de processo e prisão caso saiam às ruas.

Surpreendido em 11 de julho com um gigantesco e espontâneo protesto, que tomou as principais cidades do país, o regime cubano tenta prevenir que o mesmo ocorra no próximo dia 15, data marcada para nova marcha. Para esvaziá-la, valem todas as táticas de intimidação, atesta a advogada Laritza Diversent, diretora da ONG Cubalex.

Nos últimos dias, ela vem recebendo denúncias de cubanos, que são convocados, por telefone, a comparecer a uma delegacia no curto período de meia hora. “O recado é claro: quem participar do protesto será processado e as ameaças se estendem aos familiares”, contou Laritza.

A ONG presta assistência jurídica aos perseguidos pelo regime. A ajuda é oferecida à distância, dos EUA, onde todos os integrantes estão exilados desde 2016. As ameaças são sistemáticas, nas palavras da diretora: “Fomos expostos na TV e tachados como agentes que recebem dinheiro da CIA.”

Três meses após os protestos em 50 cidades, 600 cubanos, de um total de 1.130 presos, permanecem encarcerados. São submetidos a maus tratos nas prisões e a penas consideradas excessivas para quem saiu às ruas para defender pacificamente o fim do regime que controla a ilha há mais de seis décadas.

“Há casos em que a Promotoria pede entre 13 e 28 anos de prisão e acusa os manifestantes de sedição. Essas penas tão altas são uma maneira de dissuadir as pessoas a não participar do novo protesto”, resume Laritza.

O governo se mostra irredutível com a marcha, convocada para pedir a libertação dos presos políticos, o fim da violência e o respeito aos direitos dos cubanos. Foi proibida, considerada ilegal, inconstitucional e orquestrada em Washington.

O próprio presidente, Miguel Díaz-Canel, alertou, durante a reunião do Comitê Central do PCC, que a tolerância com os manifestantes será zero. A quem insistir em desafiar o regime, haverá, segundo ele, “revolucionários suficientes para enfrentar qualquer tipo de manifestação que pretenda destruir a Revolução”.

Funcionará? A diretora da Cubalex acredita que em outros tempos o medo reteria os manifestantes em casa, mas, agora, o efeito pode ser contrário. Sua percepção é a de que os cubanos estão irritados com tantas perseguições e com a realidade de parentes presos e não têm muito a perder no contexto atual.

“É imprevisível saber quem sairá às ruas, mas é certo que os agentes de segurança usarão a violência. Esse é o habitual das instituições do Estado.” O protesto leva o nome de Marcha Pacífica pela Mudança, mas quem integrá-lo já sabe, de antemão, que será enquadrado nos delitos de desobediência e instigação ao crime, passíveis de multa e prisão entre 3 meses e um ano.

Fonte: G1

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