Chile tem eleições sem a presença das forças tradicionais da política

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Moderados vão decidir entre dois modelos antagônicos de governo no Chile.

Foram duros os recados que os eleitores chilenos deixaram nas urnas neste primeiro turno. Primeiro, a vitória dos extremos, com a disputa agora concentrada no ex-dirigente estudantil Gabriel Boric e o ultradireitista José Antonio Kast. Segundo, a falência do centro, que se alternou entre a esquerda e a direita no comando do país nos últimos 30 anos.

Terceiro, o inimaginável: a consolidação de um candidato virtual, Franco Parisi, que orquestrou toda a campanha nos EUA, como a terceira força política. Seu eleitor flerta naturalmente com as propostas de Kast, impondo mais um desafio para Boric.

Parisi não pisou no Chile nem para votar e conseguiu desbancar os dois candidatos das forças tradicionais, Sebástian Sichel, o sucessor do presidente Piñera, e Yasna Provoste, da ex-Concertação, dos ex-presidentes Ricardo Lagos, Eduardo Frei e Michelle Bachelet.

As duas alianças foram as grandes derrotadas deste primeiro turno. O eleitorado se divide entre ideologias antagônicas, ainda que sem muita convicção: 50% se abstiveram de votar, e tanto Kast, de 55 anos, quanto Boric, de 35, não ultrapassaram a barreira dos 30%.

Ambos se apressaram em expor suas diferenças. O ultradireitista e admirador de Pinochet, Trump e Bolsonaro defendeu o lema ordem e segurança, o combate ao terrorismo e à delinquência, o fim das revoltas sociais e a valorização da polícia e das forças armadas. De imediato, contou com a adesão natural de Sichel para o seu campo.

Diante da tarefa mais árdua no segundo turno, o esquerdista Boric pregou a mudança em direção oposta: “Em nossa cruzada, a esperança vence o medo. Para quem tem medo do crime, estaremos com vocês e seremos implacáveis com o tráfico de drogas”, devolveu.

Nos 28 dias que restam até o segundo turno, Kast e Boric terão que se concentrar nos centristas e moderados. São eles que vão decidir se o Chile terá o governo mais esquerdista desde Salvador Allende ou o mais direitista desde Augusto Pinochet.

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