Ciro usa candidatura para tentar se livrar das investigações de corrupção

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Ciro Gomes, que prometeu receber a turma de Moro na bala, foi abalado com a operação da Polícia Federal, que o visitou na manhã do dia 15 de dezembro. E tratou de politizar a situação, atribuindo o ato ao presidente Bolsonaro, que teria aparelhado a PF. Pior foi a argumentação usado no pedido de habeas corpus contra a operação.

Em 42 páginas, a defesa do presidenciável disse ao STF que tudo não passa de perseguição política, para atingir a candidatura de Ciro. Mas ainda foi mais risível: que teria o objetivo de descobrir as estratégias de campanha e articulações ciristas. Tudo como se ele fosse o líder das intenções de voto que devesse ser abatido a qualquer custo para não vencer as eleições.

Com a tradicional postura ofensiva, como atestou Sérgio Moro, que queria uma justificativa para não debater com o cearense, Ciro levou de roldão a Polícia Federal, o Ministério Público, e o juiz que autorizou os mandados de busca e apreensão para aprofundar as investigações sobre jogadas ilícitas na construção da Arena Castelão que beneficiaram a família Gomes.

A oligarquia dos Ferreira Gomes escolheu a política como meio de vida para a família. Tem senador que já foi deputado, prefeito e governador (Cid), tem prefeito, que já foi deputado (Ivo, de Sobral), tem secretário estadual (Lúcio), tem servidora que disputou eleições (Lia) e o eterno candidato presidencial que já foi deputado estadual e federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro, o boquirroto Ciro. Sem falar no patriarca do clã, já morto, Euclides.

A estrela maior da família, que já brilhou no cenário nacional, decai em credibilidade. Tão acostumado a ser estilingue, a língua ferina a desferir impropérios contras seus adversários circunstanciais, não sabe agir quando vira vitrine, alvo de pedradas das investigações e daqueles que já foram vítimas de suas investidas.

Na suspeita de jogadas ilícitas na Arena Castelão, Ciro Gomes parece um amador, tão frágeis as suas justificativas. Não é verdade que a decisão do juiz tenha se baseado apenas nas delações de quem confessa ter pago propina à famiglia. Os numerosos detalhes, confirmados por documentos, tornam poderosa narrativa das roubalheiras.

Ciro, que sempre se vendeu como vestal e ferrabrás acusador dos erros alheios, a chamar de ladrão mesmo os que não têm nem mesmo inquérito contra eles, sofre agora do mesmo ferro com que feriu os outros. Sua leviandade nas acusações está demonstrada na quantidade de processos que ele perdeu na Justiça por injúria, difamação e danos morais.

Inteligente, debocha do raciocínio dos outros ao desfraldar a versão de que queriam, ao fim e ao cabo, descobrir suas estratégias e articulações da campanha. Talvez seja para entender como uma candidatura se torna moribunda tão precocemente. Quando almejava o segundo lugar, foi relegado ao quarto. Ele, que disparava contra Lula (é ladrão/não é ladrão), viu-se impelido a chorar no Moro de lamentações.

Entre murmúrios e muxoxos, Ciro respira por aparelho. A tentativa de politizar a operação da PF/MPF/Justiça, além do vacilo de Moro, que demonstra temor em confrontá-lo num debate, mais parecem a visita da saúde. A melhora que precede o desfecho final. Para não ser a estrela decadente nem prejudicar o clã no Ceará, resta a Ciro a renúncia. Quem sabe, disputar o senado no Ceará, ou o governo de São Paulo. Afinal, ele tem dupla cidadania. O tempo ruge contra Ciro.

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