IFCE Sobral realiza pesquisa com hidrogel que otimiza o uso de água nas plantas
O material utilizado é totalmente natural e não agride o meio ambiente
“A intenção é desenvolver um hidrogel de origem natural que possa chegar ao mercado. Tem potencial para isso, mas precisa de mais testes”. A afirmação é do professor Luiz Gonzaga Pinheiro Neto, que realiza pesquisas com hidrogel, que otimiza o uso da água. Os trabalhos são desenvolvidos no campus de Sobral do IFCE e conduzidos por Gonzaga Neto, professor do eixo de Recursos Naturais da instituição. As atividades científicas começaram há cerca de seis anos, em parceria com o Laboratório de Polímeros e Compósitos, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
Na Universidade, o professor Helder Almeida e sua equipe produzem dois tipos de hidrogeis: um, com casca de arroz, e o outro, com caulim, um composto de argila mineral. Ambos são naturais, biodegradáveis, servindo também de nutriente para os microorganismos que estão na terra. Os comumente vendidos no mercado são fabricados com polímeros sintéticos, derivados do petróleo que poluem o meio ambiente.
Os hidrogeis, então, são testados no campus de Sobral do IFCE, em estufa e numa área experimental. As pesquisas envolvem as culturas do melão, do caju e da melancia. “As pesquisas vão sempre evoluindo, começamos com mudas, plantas jovens, agora já testamos em todo o ciclo de vida delas”, informa Luís Gonzaga Neto.
Quando seco, os hidrogeis parecem pequenos pedaços de plástico cortados. Em contato com a água, o volume aumenta como se fossem esponjas. Nos experimentos, os pesquisadores fazem testes a partir de mudas com e sem hidrogel para fazer as comparações, colocando a mesma quantidade de água e analisando como germinaram e se houve bom crescimento.
Os resultados, conforme o professor, têm sido positivos. “O hidrogel consegue aumentar em até 5 mil vezes o seu tamanho, quando é hidratado. Durante a hidratação, acumula água, que é liberada lentamente para a planta. Num clima como o nosso, com poucas chuvas, é uma ótima alternativa para a agricultura. Auxilia no processo de déficit hídrico e também libera nutrientes”, explica o pesquisador, que pensa na possibilidade de uma futura patente.
Entre outras situações menos complexas, isso possibilita que, ao colocar água nas plantas, a pessoa possa viajar e, ao retornar, uma semana depois, encontre a terra úmida e as plantas vivas e saudáveis. Ou ainda, produzir culturas agrícolas em tempos de seca, otimizando o uso de água. O melhor é saber que o produto que possibilita toda essa manutenção é feito com materiais naturais que não agridem o meio ambiente.
As pesquisas são desenvolvidas em parceria com alunos dos cursos do eixo de Recursos Naturais, no próprio IFCE, e com estudantes de doutorado na Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a partir de orientações de teses e de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs).