Mamãe, falei mal das ucranianas

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O deputado Artur do Val, do canal Mamãe Falei, era pré-candidato ao governo de São Paulo, pelo Podemos, de Sérgio Moro. Agora, já não sabe nem se consegue manter o mandato parlamentar, tantos são os pedidos de cassação, depois das infelizes frases sexistas em relação às ucranianas.

Para quem deixou o país rumo ao leste europeu com o fim de melhorar a imagem do Brasil que, segundo ele, fora manchada por Bolsonaro, deu-se o contrário, pagando com a própria língua que ele se dispôs a usar para limpar outras sujeiras, cujos detalhes omitimos para fugir do escatológico.

Crítico da postura de Bolsonaro em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, o ex-futuro candidato ao Palácio Bandeirantes, tentou lacrar com sua viagem, para qual fez uma vaquinha, que apurou R$ 180 mil. Iria prestar solidariedade à Ucrânia, prometendo produzir coquetel Molotov para arremessar contra tanques russos.

O que aflorou não foi apenas o deslumbramento com mulheres lindas, mas a facilidade com que elas seriam conquistadas, sobretudo por causa da pobreza, segundo sua paupérrima cosmovisão, macho-sexista. Os áudios, eivados de declarações asquerosas, não atingiram a dignidade de apenas uma nacionalidade, mas a todas as mulheres.

Confundiu simpatia com ação libidinosa, como se aquelas mulheres, num momento de dor e angústia, estivessem ávidas do macho que veio do Sul para um refrigério carnal. Soubessem elas do pensamento cretino, certamente lhes cuspiriam no rosto, como as paulistas fariam se ele ousasse lhes dar bom dia.

Mesmo confessando que sabia da possibilidade de vazamento dos áudios, ele não economizou nas cores que pintaram o seu caráter, que costuma se revelar nos arroubos e empolgação, pela qual ele se disse tomado numa tentativa de se justificar. Não é o aspecto moralista ou puritano, mas pela hipocrisia de quem não tem a menor misericórdia, clemência, ou compreensão quando se arremessa contra adversários.

A velha política já deu o que tinha de dar. Vamos apostar nos jovens, dinâmicos e honestos. Era a atração exercida pelos moleques do Movimento Brasil Livre. Surgiram limpinhos, descendo a lenha nos profissionais da política. Lamentavelmente, mais uma decepção.

Ganharam notoriedade nos movimentos de redes sociais e das ruas na onda que levou ao impeachment de Dilma Rousseff. Dali, foi um pulo para a política partidária. Afiliaram-se ao DEM e tiveram sucesso nas urnas, embarcando na mesma canoa de Bolsonaro, que a muitos deu mandatos.

Elegeram parlamentares na esfera municipal (Fernando Holiday, vereador de São Paulo), estadual (deputado Artur do Val) e federal (Kim Kataguiri). Cedo desvencilharam-se dos compromissos com Bolsonaro, para cair nos braços de Sérgio Moro, na avaliação de que seria o próximo presidente, e mais alinhado com o pensamento deles.

Mas, qual mesmo o pensamento deles? Há pouco, um dos oriundos do MBL, o Monark, apresentador do podcast Flow, defendeu a existência de um partido nazista. Kim, presente, não achou má a ideia. Há movimentos neonazistas na Ucrânia, e isso não é apenas propaganda de Putin, o ditador russo.

Mas o Mamãe Falei não falou de política, não falou de guerra, a não ser lateralmente. O que chamou sua atenção foram as deusas policiais nas alfândegas e na fila de mulheres refugiadas, onde haveria mais beleza do que em qualquer balada no Brasil.

E ainda discorreu sobre o Tour de Blond, com avançadas técnicas de sedução desenvolvidas pelo parceiro de MBL e de viagem, um tal de Renan. Segundo ele, não se deve ir a cidades litorâneas ou badaladas. De preferência, o turismo sexual é nas cidades pobres. A caça não deve ser feita nas praias, mas nas padarias e supermercados.

O Mamãe Falei Besteira prometeu voltar à Ucrânia depois da guerra, para pegar mulheres, tipo louraça belzebu. Antes, porém, de caçá-las, deve ser cassado.

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