Bolsonaro vai segurar o preço dos combustíveis

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O preço do petróleo, que já tinha subido na pandemia, disparou durante a guerra, ameaça cair como uma bomba nos postos de combustíveis e devastar o bolso do consumidor. Neste cenário de guerra, o governo muda o discurso e resolve intervir na política de preços.

Desde o governo Temer, a Petrobrás adotou a política de paridade internacional para definir o preço dos combustíveis, atrelado ao custo do barril de petróleo no mercado internacional e ao valor do dólar no mercado local.

Essa política foi fundamental para a petroleira recuperar sua credibilidade que sofreu deterioração nos governos petistas, tanto pela corrupção que tomou a empresa de assalto, quanto nos últimos anos de mandato, quando o preço foi artificialmente congelado para combater a inflação.

Neste período, registrou-se a derrocada das ações da empresa negociadas nas bolsas de valores, atingindo seu nível mais baixo da história. Com a nova política, houve recuperação da petroleira que auferiu lucro superior a R$ 100 bilhões no ano passado. Não era para menos, principalmente quando tem a receita dolarizada e as despesas em real.

Ao mesmo tempo, o valor elevado do petróleo foi o principal combustível da inflação que chegou a dois dígitos e passou a incomodar o governo, que é visto como culpado por parte da população, que, ao fim das contas, é quem paga a conta.

Como um cão tentando se livrar das pulgas, Bolsonaro tentou jogar a culpa nos governos estaduais, aos quais lançou o repto de zerar o imposto estadual para ele fazer o mesmo no âmbito federal. Balela. Ainda atuou para que houvesse imposição legal, com apresentação de projetos de lei no Congresso, que fez corpo mole.

Agora, com a situação insustentável e as incertezas da guerra, há de ter uma solução. A mais simples já está posta: congelar o preço por 90 dias para que as vicissitudes provocadas pela guerra não abalem a economia popular, já combalida pela batalha sanitária contra o coronavírus.

Logo que Bolsonaro anunciou o estudo das medidas, as ações da Petrobrás caíram 7%, com perda superior a R$ 30 milhões. Com subsídios ou redução de impostos, o governo vai agir. Hão de falar que a mudança de discurso – de que não mexeria nos parâmetros econômicos – é causada por motivos eleitoreiros.

Então, o choro vai aumentar, pois já se estuda um pacote de bondades, com ampliação do crédito. Tudo isso para fazer frente a possíveis consequências da guerra, que eclodiu no leste europeu, mas seus efeitos se espalham pelo planeta feito arma nuclear.

No arsenal político e administrativo, ainda há a decretação de estado de calamidade, que exime o governo de crime de responsabilidade para gastar além do teto. Isso pode funcionar como a temida bomba termobárica, a sugar o oxigênio da oposição. Vai pegar fogo no parquinho.

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