Megarreajuste da Petrobrás cai como uma bomba no colo do governo

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O megarreajuste dos combustíveis aplicado pela Petrobrás incendiou as discussões no governo. O próprio ministro Paulo Guedes, sempre refratário a subsídios e corte de impostos, já entende a necessidade de ações de governo para atenuar o impacto no óleo diesel.

Mesmo sem interferência interna, a população tende a culpar o governo tanto pela inflação quanto pela alta dos combustíveis. Principalmente com majoração dessa magnitude, que chega a 25% no diesel e 19% na gasolina. As redes sociais vão centrar fogo no Executivo.

Embora a atitude da Petrobrás possa ser defendida diante da defasagem do preço cobrado no mercado interno em relação à conjuntura internacional, é de se estranhar que a majoração venha no mesmo dia em que o Senado votava projeto que pode mudar a política de preços da estatal.

Nesta quinta-feira (10), o Senado aprovou o auxílio gasolina de R$ 300 reais para taxistas e motoristas de aplicativo, além de R$ 100 para quem possui moto de até 125 cilindradas. Outras medidas, como a recomposição da cobrança do ICMS também estão em tramitação, assim como subsídio para o diesel, que reduziria para 30 centavos os 90 centavos que foram acrescentados ao valor do litro.

Também se fala na criação de um fundo para fazer frente aos abalos dos reajustes. Outra opção é a tributação, mesmo que temporária, sobre os dividendos do petróleo. Afinal, a Petrobrás registrou estupendo lucro superior a R$ 106 bilhões. Seja qual for a opção, alguém vai pagar a conta.

Segundo especialistas, a defasagem já estava em torno de 20%, e o atual alinhamento de preços ainda não traduz a paridade. O barril do petróleo, que escalou durante a pandemia, disparou durante a guerra. As bombas caem sobre o solo ucraniano, e vem bater no Brasil.

Combustíveis, fertilizantes, grãos, tudo isso vai ter forte impacto na inflação, na mesa e no bolso do brasileiro. Corre o risco de desorganizar a economia, controlada a custo pela destreza de Paulo Guedes. Como a deterioração do poder de compra costuma afetar o humor do eleitor, que se volta contra quem está no poder, Bolsonaro tem perdido o sono.

Em tempos de guerra, algumas ações que beiram ao malabarismo e até a irresponsabilidade fazem parte do arsenal dos políticos. O problema é que, como diz o truísmo acaciano, as consequências sempre vem depois. Seja quem for o presidente no próximo ano.

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