Brasil está pronto para a segunda guerra mundial

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Depois de cair e se levantar na primeira guerra mundial da contemporaneidade – a da pandemia -, o Brasil está pronto para os efeitos de uma segunda guerra, também de repercussão internacional, embora localizada no leste europeu.

Numa economia ultraconectada, os estilhaços das bombas jogadas sobre a Ucrânia se espalham pelo planeta. Sendo um dos protagonistas da guerra detentor de arsenal nuclear e produtor de matéria-prima, tanto de matriz energética como alimentar, os efeitos são ainda mais devastadores.

O brasileiro sentiu os abalos deste sismo mundial com o megarreajuste aplicado pela Petrobrás nos combustíveis. A cotação do petróleo subiu como um foguete, acumulando majoração de 50% no preço do barril de óleo.

Usando dessas metáforas bélicas, o ministro Paulo Guedes se viu impelido a chamar os repórteres para dizer que não falava em sentido literal. Isso dá ideia de a quantas anda nossa imprensa. A Folha chegou a escrever que o economista cometera uma gafe. Já se torna arriscado usar o sentido figurado, que é sinal de riqueza linguística.

Assemelha-se aos tempos bíblicos quando Jesus explicava a Nicodemos que seria necessário nascer de novo para entrar no Reino de Deus. Tal qual os repórteres da Folha, o fariseu e membro do sinédrio judaico se espantou: entrar no ventre da mãe e nascer de novo?

Foi penosa a travessia da pandemia, quando os prognósticos para o Brasil eram os mais pessimistas. Falava-se em recessão acima dos 10%. A economia brasileira recuou apenas 3,9% em 2020. No ano seguinte, em plena recuperação, o PIB brasileiro evolui 4,6%, zerando as perdas.

Quando se preparava para outra fase, o mundo, que parece não ter sofrido o bastante com a crise sanitária, presencia as escaramuças geopolíticas no leste europeu até a eclosão da guerra, com a invasão da Rússia sobre a Ucrânia.

Dentro desse contexto, Paulo Guedes disse que o Brasil se preparava para esta segunda guerra, cuja escassez de petróleo, de grãos e fertilizantes, seria a principal arma a nos abater. O país pode fazer uso de alguns dispositivos, como o orçamento de guerra (literalmente), exclusão do teto de gastos, que dá poder ao presidente para usar o orçamento com mais flexibilidade.

Nestes dois últimos dias, houve duas quedas bruscas e sucessivas no preço internacional do petróleo, sem significativa variação cambial no Brasil. Cenário para redução do valor dos combustíveis. Se isso se verificar, o brasileiro sentirá alívio nos postos de combustíveis, principalmente com as medidas que estão sendo tomadas, como a alteração da alíquota do ICMS.

A culpa do aumento foi jogada nas costas de Bolsonaro. A redução, porém, vai se dever aos fatores internacionais. Mas essa é outra da guerra, para a qual não há cessar-fogo à vista, feita de batalhas sem tréguas até o dia das eleições.

Está tão em alta a literalidade que, se alguém disser que foi “show de bola” para elogiar um evento, o interlocutor vai achar que a pessoa estaria se referindo a uma partida de futebol. A continuar assim, a vaca vai pro brejo. Copiou?

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