Ceará é pioneiro na utilização de testes rápidos para detecção de hanseníase
A doença, infectocontagiosa, é capaz de acometer os nervos periféricos, os olhos, as mucosas e a pele.
“A hanseníase pode ser curada, quando corretamente diagnosticada e tratada”, dizem os médicos. E o Ceará tem sido referência no que se refere ao teste rápido para detecção da doença. Este ano, os exames começaram a ser aplicados no último dia 28 de abril, em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. Os trabalhos, que reúnem esforços do Governo do Estado, do Ministério da Saúde, da NHR Brasil e da Universidade Federal do Ceará (UFC), já foram reconhecidos como pioneiros no País. .
Além de Maracanaú; Fortaleza, Caucaia e Sobral, na Zona Norte, também devem utilizar os testes. A força tarefa auxilia na detecção precoce da patologia e, também, fortalece o direcionamento à assistência, além de reduzir a incidência de sequelas, deformidades e complicações irreversíveis. A coordenadora dos Programas de Hanseníase e de Tuberculose da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Yolanda Barros, diz que a ideia é expandir a ação para todo Estado.
A coordenadora afirma que “já, a partir do segundo semestre de 2022, após treinamentos voltados aos profissionais da Saúde, orientações e publicações de notas técnicas, haverá a ampliação para outras cidades cearenses, obedecendo a um cronograma específico”, diz.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico divulgado pela Sesa, entre 2017 e 2021 foram notificados 7.029 casos novos da doença no Ceará, sendo 257 em menores de 15 anos. Houve significativa redução de 30,9% na taxa de detecção geral de hanseníase, passando de 17,1 para 11,8 casos por 100.000 habitantes. Entre os menores de 15 anos, houve maior redução na taxa de detecção, passando de 2,8 casos por 100.000 habitantes em 2019 para 1,2 casos por 100.000 habitantes em 2021.
Segundo a Sesa, a hanseníase pode acometer todas as faixas etárias. Porém, a redução de casos em menores de 15 anos é prioridade da Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE) da Secretaria de Vigilância Epidemiológica, do Ministério da Saúde (MS), pois quando a doença se manifesta na faixa etária inferior a 15 anos indica alta endemicidade, carência de informações sobre a doença e falta de ações efetivas de educação em saúde.
Ainda, segundo a Secretaria, inicialmente, os testes rápidos para hanseníase estão sendo ofertados para pessoas captadas por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no município de Maracanaú, atendendo a uma série de critérios, como ter tido contato com pacientes que adoeceram de hanseníase nos últimos cinco anos, residirem em bairros endêmicos ou oriundos de determinadas unidades de saúde. Nos meses seguintes, os demais municípios previstos (Fortaleza, Caucaia e Sobral) serão contemplados.
“Deverão ser submetidos ao teste rápido pacientes que relatarem contato com pessoas infectadas e em caso de incerteza diagnóstica. No entanto, em se tratando de hanseníase, a investigação clínica sempre será soberana. Trata-se de um elemento a mais na linha de triagem da doença”, afirma Yolanda Barros, e complementa. “Em geral, o diagnóstico deve ser feito a partir da avaliação minuciosa das lesões cutâneas, incluindo a avaliação de sensibilidade por meio de palpação dos nervos de forma funcional, sensitiva, motora e autonômica”, explica.