Guedes diz que França e Bélgica “retardam” ingresso do Brasil na OCDE
Em Davos, ministro da Economia afirmou que os dois países adotam postura para proteger seus setores agrícolas de competição com o Brasil.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira (25/5) que países como França e Bélgica “ficam retardando” a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O bloco reúne as nações mais desenvolvidas do mundo.
Durante palestra no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Guedes disse que os dois países adotam essa postura com o objetivo de proteger seus setores agrícolas de competição com o Brasil.
“A Bélgica e a França ficam retardando o acesso do Brasil à OCDE porque são protecionistas com sua agricultura. Conversando com eles dissemos: nos aceitem antes que se tornem irrelevantes para nós”, declarou.
Em sua fala, o ministro afirmou que França e Bélgica se tornaram comercialmente “irrelevantes” para o Brasil. E citou que o Brasil comercializava US$ 2 bilhões por ano com a França e com a China no início do século e que, atualmente, negocia US$ 120 bilhões anuais com a China. Por outro lado, apenas US$ 7 bilhões com a França.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a entrada do Brasil no bloco econômico deve ocorrer em dois ou três anos. Segundo o chefe do Executivo federal, o governo deve entregar, nesta semana, “um protocolo oficial” à organização.
Historicamente, o ingresso de países no organismo internacional é formalizado de três a quatro anos após o convite de entrada. O Brasil, no entanto, quer reduzir esse prazo ao máximo e deve trabalhar para atingir alinhamento completo com a entidade antes de 2025.
A OCDE tem sede em Paris e atualmente conta com 38 países em sua composição. Para entrar na organização, é necessário cumprir uma série de medidas econômicas liberais, como o controle financeiro e fiscal. Em janeiro, a OCDE aprovou o convite para que o Brasil desse início ao processo para entrar no bloco.
Os países do bloco trocam informações e alinham políticas para potencializar o crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os demais países-membros.
De acordo com o Itamaraty, o ingresso do Brasil na organização tem o poder de estimular investimentos e consolidar reformas econômicas.
Do ponto de vista econômico, o ingresso brasileiro é importante para o mercado internacional de negócios. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a entrada do Brasil pode aumentar em 0,4% o Produto Interno Bruto (PIB) anual.
Em março, o governo zerou, até 2028, as alíquotas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF). Já no mês passado, o governo anunciou que tem o intuito de mudar a forma de tributação das principais empresas multinacionais. Segundo a área econômica, as medidas têm relação com as diretrizes estipuladas pela OCDE.
Fonte: Metrópoles