Fiocruz identifica 25 casos da variante XQ no Rio Grande do Sul

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Cepa já foi detectada em Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou 25 casos da cepa recombinante XQ, no Rio Grande do Sul, confirmando hoje (2) que o estado é o primeiro onde há transmissão local desse vírus da covid-19. O coronavírus XQ é uma mistura do genoma de duas linhagens da variante Ômicron, BA.1 e BA.2.

A cepa XQ já havia sido detectada em casos isolados em Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Os casos no Rio Grande do Sul foram identificados em diferentes cidades, entre os meses de março e maio. Casos da recombinante XQ já foram detectados também mundialmente, em especial no Reino Unido.

A pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Paola Resende explica que, até o momento, não há indicação de que o vírus esteja associado a maior gravidade de casos da covid-19, isso porque a população apresenta boas taxas de vacinação e muitos já foram expostos a infecções prévias. No entanto, ela disse que é necessário monitorar a evolução dos casos.

A cepa XQ é uma recombinante de linhagens da Ômicron, variante detectada no Brasil a partir de novembro de 2021. A Ômicron responde, atualmente, por quase 100% dos casos no país, com predomínio das linhagens BA.1 e BA.2 e suas sublinhagens.

No Rio Grande do Sul, em março, foram detectados dois casos do coronavírus XQ, que representaram 0,3% dos 324 genomas sequenciados; em abril, foram oito casos, correspondendo a 8% dos 98 sequenciamentos; e em maio, 15, o que representou 7% dos 109 casos analisados.


A ação intensificada de vigilância genômica no Rio Grande do Sul começou em fevereiro, quando o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) detectou um caso de outra cepa recombinante, a XS, que apresenta uma combinação dos genomas das variantes de preocupação Delta e Ômicron. O objetivo era investigar a possível disseminação da recombinante XS, mas o monitoramento acabou identificando a transmissão da XQ.

De fevereiro a maio, 824 genomas do coronavírus referentes a casos registrados no Rio Grande do Sul foram sequenciados. As análises detectaram 25 casos associados à cepa recombinante XQ e apenas um ligado à cepa recombinante XS.

Segundo a Fiocruz, além das cepas XQ e XS, casos pontuais das cepas recombinantes XF, XE e XG já foram registrados no Brasil. Considerando os achados da cepa XQ no Rio Grande do Sul, os pesquisadores devem, de acordo com a instituição, manter a vigilância reforçada no estado e investigar, de forma aprofundada, as características do vírus. Ainda não é possível dizer se a XQ foi introduzida de outro país ou foi originada a partir de uma recombinação local.

Os casos de recombinação genética do coronavírus têm sido identificados em diversos países. Isso tem ocorrido, segundo a Fiocruz, com mais frequência, desde janeiro deste ano, com a circulação simultânea de duas variantes do Sars-CoV-2, Delta e Ômicron. Na ocasião, foi considerada a possibilidade de surgimento de uma linhagem recombinante, que foi popularmente chamada de Deltacron. Porém, o monitoramento genético global mostrou a existência de múltiplas combinações genéticas entre variantes e linhagens do patógeno, que passaram a ser nomeadas com a letra X.

No Brasil, a circulação de diferentes linhagens da variante Ômicron é motivo de alerta. Também em maio, os pesquisadores do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC identificaram, no Rio de Janeiro, três cepas classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como linhagens sob monitoramento da variante de preocupação BA.4, BA.5 e BA.1.12.1.

Segundo a OMS, essas linhagens exigem atenção e monitoramento prioritários, com foco em investigar se podem representar uma ameaça adicional à saúde pública global em comparação com outros vírus circulantes.

Fonte: Agência Brasil

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