Renda do brasileiro atinge o menor valor em nove anos, aponta IBGE

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O rendimento de 1% da população mais rica corresponde a 38,4 vezes mais que a renda da metade dos mais pobres.

No segundo ano da pandemia do novo coronavírus, o rendimento médio mensal real do brasileiro teve queda recorde de 5,1% em 2021, atingindo seu menor valor desde 2012. É o que aponta a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Rendimento de Todas as Fontes 2021, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a pandemia, o rendimento mensal médio real de todas as fontes caiu de R$ 2.386, em 2020, para R$ 2.265, em 2021. Esse é o menor valor registrado pela série histórica da Pnad Contínua, iniciada há nove anos. O rendimento já havia sofrido uma queda 3,4% em 2020.
O rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que já havia diminuído em 4,3% em 2020, voltou a cair 6,9% em 2021, quando foi estimado em R$ 1.353, o menor valor da série histórica. A massa mensal de rendimento foi de aproximadamente R$ 216,7 bilhões, 3,1% menor que a estimada para 2020.

Foto: IBGE/Renda do Brasileiro

Já o rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos (calculado para as pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência) registrou redução de 6,1% em 2021, estimado em R$ 2.476. Em 2020, havia atingido o maior valor da série (R$ 2.638).

A retração do rendimento médio é atribuída ao possível resultado da expansão da informalidade na ocupação.
Com isso, a desigualdade também aumentou. O rendimento mensal de 1% da população mais rica, que recebe em média R$ 15.940, corresponde a 38,4 vezes mais que a renda da metade da população mais pobre, que ganha R$ 415.

Entre as categorias que compõem o rendimento proveniente de outras fontes, o item aposentadoria e pensão manteve a maior média em 2021 (R$ 1.959), mesmo com retração recorde de 5,3% no período.

Em todas as regiões, a aposentadoria e pensão também representavam a categoria de maior valor, variando de R$ 1.564 no Norte a R$ 2.212 no Centro-Oeste. Regionalmente, a perda de valor foi generalizada entre 2020 e 2021, com destaque para a redução de 9,7% no Centro-Oeste.

Os rendimentos provenientes de aluguel e arrendamento tiveram valor médio de R$ 1.814, aumento de 3,7% quando comparado ao estimado em 2020 (R$ 1.749). Em termos regionais, apenas na Região Nordeste houve redução do valor médio do rendimento de aluguel e arrendamento no período (queda de 12,7%).

Pensão alimentícia, doação e mesada de não morador totalizavam, em média, R$ 667, valor 4,2% abaixo do estimado no ano anterior (R$ 696).

As Regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores perdas nesse rendimento entre 2020 e 2021: 29,5% e 19,0%, respectivamente.

Entre os fatores que ajudam a explicar a queda da massa de rendimento do trabalho da população ocupada, entre 2020 e 2021, está a redução do rendimento médio de todos os trabalhos, que preponderou sobre o aumento da população ocupada no período.

Entretanto, a população ocupada cresceu 3,2%, passando de 84,7 para 87,5 milhões de pessoas, o que não foi suficiente para recuperar as perdas ocorridas no início da pandemia, uma vez que, em 2019, a população ocupada totalizava 92,8 milhões de pessoas.

Esse aumento de 2,8 milhões de pessoas na ocupação contribuiu para reduzir o rendimento médio do trabalho em 6,1%, o que se deve à entrada no mercado de trabalho de pessoas com menor remuneração, puxando a média do rendimento para baixo. No entanto, para justificar a queda da massa de rendimento no país entre 2020 e 2021, pesou mais a redução do rendimento médio que o aumento da ocupação.

No primeiro ano da pandemia de Covid-19, houve redução do peso do trabalho e aumento de outras fontes de rendimento. Mas, entre 2020 e 2021, o movimento foi oposto. A tendência de aumento da parcela correspondente ao rendimento do trabalho e queda do peso do rendimento de outras fontes ocorreu em todas as regiões.

Em 2021, havia 212,7 milhões de pessoas residentes no país, ante 197,7 milhões em 2012. A Região Sudeste concentrava a maior parte da população (42,1%), seguida das Regiões Nordeste (27,1%), Sul (14,3%), Norte (8,7%) e Centro-Oeste (7,8%).

Entre 2020 e 2021, houve redução do rendimento médio em todos os domicílios, mas com maior intensidade naqueles que tinham alguém recebendo algum programa social. Enquanto o rendimento domiciliar per capita dos domicílios beneficiários do Bolsa Família se desvalorizou em 10,8%, entre os domicílios não beneficiários a perda foi de 5,4%.

Domicílios com alguém recebendo outro programa social tiveram redução de 26,1% no rendimento médio, sobretudo pela redução do valor do auxílio emergencial, enquanto aqueles sem beneficiários tiveram perda de 10,3%. A redução do rendimento médio dos domicílios por recebimento do BPC-Loas foi menos discrepante: queda de 7,8% nos domicílios com beneficiários e de 6,9% naqueles sem beneficiários.

Devido à pandemia do novo coronavírus e à necessidade de distanciamento social, em 2020, o governo federal criou o auxílio emergencial, benefício destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados.

Esse benefício estava presente em 15,4% dos domicílios do país em 2021, após totalizar 23,7% dos domicílios em 2020, redução que pode ser explicada por mudanças na concessão do
auxílio realizadas com a flexibilização das medidas sanitárias.

Fonte: Portal/R7.COM

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