Especialistas abordam sobre infecção por covid e suas diversas formas
Pesquisas mostram uma versatilidade do vírus, no que diz respeito ao seu ataque e manifestação, daí, uns serem infectados e outros, não.
A taxa de positividade da Covid-19 no Ceará está em 13%, de acordo com a plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Em abril, a taxa era de 5%, e subiu para 8% em maio. Ou seja, a circulação do vírus ganhou intensidade, motivando o retorno da recomendação do uso de máscaras em locais fechados.
Com dois anos e três meses de pandemia em curso, o Ceará acumula mais de 1,2 milhão de casos oficialmente confirmados da enfermidade. Mas, embora boa parte da população tenha sido infectada, existem pessoas que nunca ficaram doentes.
O estudante Hillton Cordeiro, 21 anos, nunca pegou Covid, mesmo os pais tendo se infectado cada um, uma vez. “Nos dois casos, eu fiz três testes em período diferente, para ter certeza que eu também não peguei”, relata.
Já, a servidora pública Carine Franco, teve três diagnósticos positivos para a doença: maio e julho de 2020 e maio do ano passado. Na primeira, os sintomas de gripe perduraram por mais de duas semanas. Na segunda, os sintomas já foram mais leves.
Para um intervalo tão curto entre as duas infecções, “a explicação que o médico me deu é que não gerei anticorpos; em julho, fiz um exame de sorologia que realmente comprovou isso, então adoeci de novo”, explica Carine.
Na terceira ocorrência, em 2021, a jovem havia tomado duas doses da vacina, mas esteve em grande exposição porque ajudava um amigo internado. Carine diz só ter descoberto a infecção quando sintomas, aparentemente alérgicos, se tornaram um pouco mais longos, mas a recuperação foi bem mais fácil.
“Tive a doença duas vezes, sem vacina, e uma terceira, mesmo com vacina. Essa história de que quem teve vai ganhar imunidade natural é uma roleta russa. Tem gente que vai conseguir passar, mas outras não”, avalia.
Mas, afinal, por que algumas pessoas pegam Covid tantas vezes, enquanto outras nunca foram infectadas? Quem dá algumas pistas é Gerusa Figueiredo, médica infectologista, epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, “já é bastante conhecido que o SARS-CoV-2 dá uma imunidade não duradoura que, em média, dura 6 meses. Isso, mesmo antes do surgimento das variantes, com a cepa original de Wuhan”, ressalta.
“Com o advento das variantes”, segue a professora, “a cepa original foi sendo substituída pelas outras sequencialmente, sendo as mais importantes a Alfa (Reino Unido), Beta (África do Sul), Gama (Manaus), Delta (Índia) e, por fim, a Ômicron, que se espalhou a partir de janeiro deste ano e fez recrudescer a pandemia, sendo dominante no planeta”, pontua.
Ainda, de acordo com a médica, “já em relação a pessoas que nunca foram infectadas, há menos respostas concretas. As principais hipóteses levantadas por estudos ao redor do mundo falam do papel da genética, seja pelo acionamento de células de memória que combateram outros coronavírus ou de determinadas substâncias naturais que lutam contra qualquer microrganismo externo”, compara.