Todos contra a Petrobrás

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De nada valeu o apelo do Executivo, vocalizado pelo ministro Ciro Nogueira. De nada adiantou a solicitação do Legislativo, na pressão exercida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira. Nem mesmo a determinação do Judiciário, em ação do ministro André Mendonça, que deu cinco dias para a Petrobrás explicar o reajuste. Nada disso foi suficiente para sensibilizar a petrolífera brasileira.

Implacável, inexorável, insensível diante de todo clamor da classe política e da população, foi aplicado o reajuste dos combustíveis (gasolina e diesel). Bolsonaro, que já mudou diretores presidentes e ministro, disse que era um ato político contra si e alertou que o país poderia ir ao caos. O mercado reagiu com rumor, e o preço das ações despencou.

PREJUÍZO – Diante de ouvidos moucos, o presidente da República passou a falar a linguagem do mercado, o único sonido a que reponde a estatal do petróleo. Sua reação provocou um prejuízo imediato de cerca de R$ 27 milhões. Um outro tanto se daria caso se instalasse a CPI, outra arma política do presidente contra a gigante que não é mais apenas brasileira.

RENÚNCIA – Um objetivo já foi alcançado. Lira pediu a renúncia do presidente demissionário da Petrobrás José Mauro Coelho, que entregou o cargo nesta segunda (20). Ele fora colocado há pouco tempo no lugar do general Luna e Silva. Sem cumprir a missão de segurar os preços, novo presidente e novo ministro foram indicados. O ministro assumiu. O novo presidente, Caio Paes de Andrade, ficou na biqueira.

PLANETÁRIO – O movimento contra as petrolíferas é no mundo inteiro. Enquanto a fome assola os mais vulneráveis, os gigantes do petróleo auferem lucros exorbitantes. Se todas se esbaldam nos petrodólares, a Petrobrás tem uma situação mais contraditória. Não apenas por ser das mais lucrativas entre todas, mas por ser estatal e ostentar função social no seu estatuto.

CONTRAMÃO – Enquanto Governo Federal e governos estaduais cortam na carne, via redução e eliminação de impostos, o capitalismos mostra sua pior face. A competitividade manda nos negócios. As sanções impostas à Rússia têm chicoteado no lombo do mundo inteiro. Parece que o russo é o único povo a estar isento das medidas que lhe são impostas.

ARSENAL – Contra o dragão do capital, as armas da regulação política. CPI, tributação sobre os lucros, sanções administrativas fazem parte do arsenal que podem assestar contra a estatal. Por fim, o Cade pode ajudar no cerco, alegando abuso do poder dominante. Sem muita concorrência, o aumento de preço pode passar por esse escrutínio.

TRANSNACIONAL – Sabe aquela história de “O petróleo é nosso”? Esquece. A Petrobrás já não é brasileira, quem manda mesmo são os acionistas minoritários, da outra América. De tão independente, a empresa não quer se submeter nem à gramática nacional. Há muito derrubou o acento gráfico de seu nome. Bom ´mesmo é quando Brás era o tesoureiro.

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