Variantes da covid preocupam médicos no Ceará
Mudanças genéticas do vírus têm chamado a atenção, ao longo dos três anos de pandemia.
Desde o seu primeiro ataque mundial, em 2020, o vírus da covid-19 tem se propagado por meio de mudanças genéticas. Não bastassem as variantes, temos que lidar com as subvariantes como BA.1, responsável pela onda de infecções no início deste ano. Agora, o alerta dispara com a BA.4 e a BA.5.
Esses conjuntos de letras e números são todos originados da variante Ômicron, e monitorados pela Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indica a predominância da BA.1 no Ceará. No País, já existe a presença das subvariantes BA.4 e BA.5.
A situação é preocupante, porque as variações estão associadas ao aumento expressivo de casos nos Estados Unidos, e em países da África e da Europa. As duas podem substituir a BA.2, já confirmada no Ceará, que veio depois da BA.1, causadora da 3ª onda da Covid. A inserção dessas subvariantes ocorre nesta sequência de trocas e de movimentação da infecção, que circula próximo do Estado. Na vizinhaça, Pernambuco detectou a BA.4 nesta semana.
Segundo Fernando Dias, doutor em Ciências da Saúde e membro da Rede Genômica da Fiocruz Ceará, “a gente viu uma queda bem considerável do número de casos, mas agora está começando a subir de novo. Se a gente vir a média móvel, há 20 dias, estava 15 mil novos casos; e agora está em torno de 40 mil no Brasil”, observa sobre o quadro geral da doença.
No Ceará ainda não há confirmação da BA.4 ou BA.5, mas isso pode ser porque o coronavírus está mais escondido. Com pouca testagem e a falta de notificação dos autotestes, o monitoramento está prejudicado. “Estas variantes passam pela nossa imunidade causada pela vacina ou pela própria doença, ou seja, você pode ter a doença novamente, e não sabemos, ainda, quais os efeitos que esta doença possa ter em nosso organismo”, completa Dias.
E mesmo sem uma testagem intensa, os cientistas já começam a perceber a circulação do vírus com as novas roupagens. “Por não estarmos testando muito, não sabemos, ao certo, que variantes estão circulando. Um estudo do Instituto Todos pela Saúde, entre laboratórios particulares, mostra que, provavelmente, a variável BA.2, BA.4 e BA.5 são as mais prováveis”, aponta a epidemiologista Lígia Kerr.
Segundo também, a infectologista Keny Colares, “já estão sendo feitos alguns estudos na tentativa de desenvolver vacinas para as novas variantes que vêm surgindo; com destaque para a Omicron, ou vacinas com grande capacidade de pegar uma parte do vírus que não muda tanto”, completa Keny.