A PEC da bondade eleitoral

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Numa votação estrondosa (72×1), o governo emplacou a PEC que o permite gastar mais de $ 41 bilhões com medidas que beneficiam o povo, de forma emergencial. Como se dá a três meses das eleições, a velha imprensa tem tratado como casuísmo eleitoral. O Globo chegou a publicar editorial afirmando que é afronta à democracia. De tão vilipendiada, a palavra esgarça o significado. O poder emana do povo e é exercido por ele ou por seus representantes. Vemos um juiz taxar de antidemocrático a manifestação do povo, e, agora, quando o povo se manifesta, por seus representantes, para votar uma lei, um jornal qualifica como afronta à democracia. No regime deles, o povo é só um detalhe. Se o povo se manifesta nas ruas, é antidemocrático; se o faz pelas redes sociais, é imbecil. Elite espúria.

MÍDIA – A grita da imprensa, que se apressou a ouvir especialistas e até ministros do TSE para vir em sua defesa, é que o pacote de bondades terá o condão de catapultar votos para o presidente, desequilibrando a correlação de forças na disputa, que já é favorável a quem vai para a reeleição. Além do mais, pode abrir um precedente, pois, por qualquer circunstância, pode-se demandar o estado de emergência.

FOME – A imprensa parece estar à margem da realidade, com tamanha insensibilidade social, unicamente porque não aceita nada que possa beneficiar Jair Bolsonaro. Agora mesmo em maio, uma publicação disse que “Brasil volta ao mapa da fome, e crianças passam a correr risco de vida. A insegurança alimentar no país cresceu mais de 36%”. A situação é ruim no mundo todo, e mais grave por aqui.

MÁRTIRES – O que dizer para milhares de famílias que passam fome? Que devem esperar um pouco mais, 90 dias de jejum forçado, até que passem as eleições a fim de que não haja risco à democracia? Poderão colocar no epitáfio que morreram por boa causa, mártires da democracia. A fome não espera. A frase foi repetida como mantra por políticos de oposição para justificar o voto que pode beneficiar o presidente.

EMPATIA – Invisíveis, como sempre, os pobres não foram vistos como alvo dos benefícios. Cínicos jornalistas só falam do benefício eleitoral. Para quem vive do Auxílio Brasil, que será reajustado em 50%, passando de R$ 400 para 600, a eleição é um cenário distante, é só um detalhe. Cerca de dois milhões de famílias que estavam na fila, serão agora beneficiadas. A fome que lhe dói o estômago não causa empatia a colunistas.

IMPOSTOS – O conjunto de ações acode os mais vulneráveis e lança condições para a sociedade reagir e domar a crise. A alta da inflação, no mundo e no Brasil, está sendo combatida com redução de impostos nos combustíveis, luz, transporte e telecomunicações. Quanto mais cedo superarmos a crise, melhor. Mas os governadores não querem colaborar e vão à Justiça para manter o chicote da carestia no lombo do povo.

CRÉDITO – Com a transposição de rios de dinheiro para a conta de pessoas pobres, principalmente, no Nordeste, é possível que haja, sim, benefício eleitoral. Principalmente quando atinge dois segmentos que precisam ser conquistados. Mulheres nordestinas, chefes de família ou mães solteiras, terão acesso a crédito consignado de cerca de R$ 2.500,00, por causa do auxílio. É um benefício extra. Mas muitos só querem ver isso como compra de voto.

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