Governo sem candidato, oposição sem discurso

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Enquanto governistas quebram a cabeça na escolha do candidato, a oposição perde a chance de avançar por falta de discurso. Num roteiro que parece ensaiado, os áulicos disputam a preferência até mesmo dentro da Grande Família. Enquanto o primogênito se queda por Roberto Cláudio, o caçula entoa loas por Izolda Cela. Ciro já verbalizou que o adversário é forte e que não se deve agir com amadorismo, daí apontar a pesquisa como critério de desempate entre os seus. Estranho o silêncio de Cid Gomes, que já não é mais o mesmo desde que resolveu ser piloto de retroescavadeira.

ISOLADA – Camilo assume um protagonismo que nunca lhe coube, jogando como avalista da manutenção da aliança de seu partido com o PDT. Mas os petistas vetam o ex-prefeito de Fortaleza, por antigas rusgas com Luizianne, e declaram amor a Izolda. Cela, a primeira mulher no Abolição, não se faz de rogada. Empoderada, rompe os grilhões e ousa dizer que a pesquisa não pode ser o definidor da candidatura.

FORTALEZA – Não por uma inopinada independência de Izolda, tampouco pela proverbial subserviência de Roberto Cláudio, este é o preferido de Ciro porque, segundo as pesquisas, é o único com condições de enfrentar o Capitão em igualdade de condições na sua fortaleza, a capital cearense. Izolda, apesar de candidata virtuosa, tem contra si o desconhecimento dos eleitores sobre seu nome, ecoando o meme “Quem diabo é Izolda?”.

ALHEIO – Outra figura que poderia ser proeminente, José Sarto se encastelou no palácio do Bispo e apresenta um alheamento à realidade eleitoral que não faz jus ao cargo que ocupa. Não se esforça nem para ser grato a quem lhe carregou nas costas para sua eleição em Fortaleza. Médico, deve estar depressivo com o fechamento do Gonzaguinha de Messejana a que ele se vê obrigado a executar.

VAGO – Capitão Wagner poderia estar nadando de braçadas, mas se arrisca a cair numa cilada que ele mesmo armou contra si e na qual os adversários tentam sempre enredá-lo. Numa eleição nacional polarizada como nunca, a tentativa de se manter em cima do muro pode ser fatal. A ambiguidade não é boa provedora de votos. Muitos eleitores de Lula estão com o Capitão, mesmo sabendo de seus laços.

CARIMBO – O discurso paz e amor (responder com propostas aos ataques) não se sustenta por muito tempo. Vão repetir à exaustão a técnica do gato e o rato, que se viu nas eleições de Fortaleza. Wagner fugindo do carimbo de bolsonarista que seus adversários lhe tentavam impingir. Se há uma possibilidade de perder votos de lulistas ao se declarar aliado do presidente, é uma certeza que a direita lhe viraria as costas ao primeiro sinal de traição.

BANDEIRA – Não se trata de se declarar a Bolsonaro, mas de assumir a bandeira dos conservadores de forma muito clara. Ao lado dos valores da família, há uma brecha enorme da incompetência estadual na área da segurança e da saúde. É por isto que querem nacionalizar o debate, para fugir dos temas incômodos, principalmente da corrupção durante a pandemia que provocou milhares de mortos, literalmente sem respirar.

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