CPI do MEC fica para depois

Randolph Rodrigues
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O saltitante senador Randolph Rodrigues ganhou, mas não levou. Ele queria a CPI do MEC para desgastar o presidente Bolsonaro justo na reta final das eleições. Um dos coordenadores da campanha eleitoral do principal adversário do presidente da República, o senador não tem o menor escrúpulo de usar o Senado como palanque eleitoral. Os líderes partidários impediram o desiderato. Qual menino mimado, ele bate o pé e diz que vai enredar pro STF a maldade que fizeram com ele.

O circo estava armado, mas o respeitável público vai ser preservado do deprimente espetáculo de políticos oportunistas que querem mais aparecer e fustigar os adversários do que realmente investigar qualquer coisa. Ficou para outra temporada, mesmo com toda a irresignação do senador gasguita que saltita feito mariposa ao redor da luz. Carente de holofotes, demonstra crise de abstinência com seus faniquitos: “Vou pegar Bolsonaro”.

Randolph, cuja sede de Bolsonaro não conseguiu saciar com a CPI da Covid, só pensa naquilo. Os sonhos molhados com o morador do Palácio deve servir de refrigério para a alma sedenta. Assemelha-se a aves de rapina que se excitam com carniça. Não pode farejar o cheiro putrefato que passa a salivar, imaginando o baquete para se regalar, seja sobre cadáveres de vítimas da Covid ou de malfeitores no Amazonas, seja sobre a reputação alheia.

Sem qualquer indício que possa sequer alcançar o ex-ministro Milton Ribeiro, o senador do Amapá já deu declaração de que as investigações vão atingir Bolsonaro. Para quem disse que a CPI da Covid iria prender o presidente da República, é até moderada a nova leviandade. Já estava crente com a instalação da CPI quando se pavoneou nessas declarações. É muita sede. Mas lhe tiraram o brinquedo, e agora chora pelos cantos.

O objetivo político da CPI ficou mais explícito com a declaração do líder da Comissão de Educação, senador Marcelo Castro (MDB/PI): “Não há motivo para instalar a CPI do MEC após as eleições”. Ora, o intuito é claro. Assim como a Comissão da Covid, que não levou a nada, a do MEC só objetiva a luta política. Nem mesmo a ameaça de recorrer ao STF deve prosperar.

Rodrigo Pacheco faz Randolph tirar o cavalinho da chuva, explica que o carnaval deste ano não vai ser igual àquele que passou, quando se viu obrigado a instalar a CPI por decisão monocrática do ministro Luiz Roberto Barroso, numa clara interferência no poder Legislativo. O presidente do Senado e os líderes partidários vão ler o requerimento e indicar os componentes, mas só instala depois das eleições. Mas com o STF que temos, tudo é possível.

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