Marco Pigossi fala da homossexualidade: ‘Eu pedia a Deus para me consertar’
O ator e diretor Marco Pigossi tem um talento único. Mais que isso, está numa grande fase da vida, após assumir ser homossexual. Não foi fácil para ele “sair do armário”, tendo um pai bolsonarista. Numa entrevista ao jornal O Globo, Pigossi abriu as portas da alma e contou como foi o processo de aceitação e também o convívio com o pai.
SAINDO DO ARMÁRIO
Marco Pigossi revelou que foi seu namorado, Marco Calvani, quem o ajudou muito no momento de se abrir para o mundo.
“O Marco acompanhou meu processo de sair do armário e de transformar isso numa questão política para abrir caminhos para os jovens. Tenho necessidade de me expressar sobre o meu processo, sobre o que causou em mim, sobre o que pode causar nas pessoas. É uma maneira de eu me curar”, disse.
A naturalidade do namorado fez com que Pigossi se sentisse confortável em assumir quem realmente é. Calvani é cineasta italiano e diretor de “Best place in the world”, filme sobre um jovem brasileiro que deixa a família evangélica rumo a Provincetown, famoso reduto LGBTQIA+ em Cape Cod, nos EUA.
“Ele ficou existindo no meu ambiente de trabalho com uma naturalidade que me fez tão bem… A vida inteira meu trabalho e minha vida pessoal eram separados, tinha medo de que descobrissem… Pela primeira vez, esses mundos existiram juntos, e foi emocionante.”
PAI BOLSONARISTA
O ator relatou sobre seu relacionamento com o pai, que é bolsonarista. Pigossi contou que, a relação com a mãe é muito mais aberta.
“Com meu pai, é sempre tenso, não há naturalidade. É distante do universo dele, que é eleitor do Bolsonaro. Não que ele ache que ser gay é falta de porrada, mas se vota num candidato desse… Existe um ideal político que distancia a gente. Ele nunca vai me pegar pelo braço e se unir nessa causa. Diferentemente do amor incondicional da minha mãe”, revela.
HOMOFOBIA
Marco pigossi contou também que a homofobia está enraizada nas pessoas e que o preconceito, infelizmente, existe e está intrínseco nas pessoas.
“Eu rezava, pedia a Deus para me consertar. A homofobia é tão enraizada que, por mais que a gente assuma, ainda vai lidar com o preconceito interno. Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável. E sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro.”
Por muito tempo, Marco Pigossi tentou se manter distante do que é, não conseguia assumir sua personalidade real e acabou criando um trauma que foi difícil de desatar.
“Me desenvolvi tentando manter um corpo masculinizado. E acho que isso veio do trauma de não poder me assumir, foi uma maneira de me proteger. Mas, hoje, aquela sombra de ‘não desliza’ desapareceu.
R.O
Fonte- O fuxico