De janeiro a maio foram registradas 259 ocorrências de abuso sexual no Ceará

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Nos cinco últimos anos, o número de casos de estupro já passou dos 3 mil, diz SSPDS

Só nos cinco primeiros meses deste ano, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou 259 ocorrências de abuso sexual contra crianças. Do total de vítimas de estupro no Estado, 70% são menores de idade. Na maioria das vezes, meninas, inseridas em um contexto de violência doméstica e familiar.

O cotidiano da criança deve ser observado com a atenção para se perceber possíveis mudanças (Foto: divulgação).

Do início de 2018, até maio deste ano, as autoridades têm conhecimento de 3.491 casos de vítimas de até 11 anos de idade, que foram estupradas no Ceará. Cercada pelos familiares, dentro da escola ou até mesmo em igrejas. Os dados de crianças vítimas de abuso sexual impactam e alarmam para de onde e quando esse tipo de crime tende a ocorrer.

Entre a situação da vítima de não entender o que de fato ocorreu e o medo de denunciar e ser desacreditada, ainda existe a subnotificação que impossibilita a descoberta do real número de vítimas. Os últimos casos divulgados pelas Forças de Segurança apontam para a necessidade de reforço preventivo.

Segundo a delegada Arlete Silveira, diretora do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), uma das preocupações dos investigadores são casos registrados no contexto escolar.

A Polícia prendeu, recentemente um professor de inglês, em Beberibe, por crime sexual contra alunas. “Além do docente, a diretora da escola e a mulher dele foram indiciadas porque, supostamente, tinham conhecimento dos atos, e não denunciaram”, relata a delegada.

Os crimes, praticados dentro do colégio, não se tratam de casos isolados. A delegada destaca que há outras investigações em andamento com educadores ‘na mira’ dos policiais.

“Nós estávamos com as escolas fechadas devido à pandemia. Quando voltou às aulas vimos muitos relatos de abusos sexual, exploração sexual dentro das escolas. Precisamos olhar o que a criança, o adolescente apresenta de sinais. O próprio adolescente, pela condição peculiar, se torna um alvo mais fácil. Não se deve tratar a sexualidade como tabu”, pondera Arlete Silveira.

A diretora do DPGV destaca que há outras investigações em andamento para apurar aliciamento de menores de idade, que têm os corpos comercializados, por vezes, pelos próprios pais. “Com o isolamento social, aumentou o convívio da família e aumentou o aliciamento. A gente viu que precisava ainda mais da Inteligência junto a outros órgãos. As explorações dialogam entre si, ainda mais quando entra o contexto de vulnerabilidade financeira. Se ficar comprovado que existe uma questão familiar, a criança será afastada”, ressalta a investigadora.

Em outro caso, no dia 30 de junho, um líder religiosos (42) foi preso em uma ação da Polícia Civil, deflagrada na cidade de Baturité. Conforme investigação, o homem se aproveitava do cargo dentro da igreja e a relação com a família para se aproximar da vítima, uma criança de sete anos, e a estuprar.

“Os pais da criança depositavam confiança no suspeito, por ele ser um religioso e parente. A vigilância era reduzida”, explicou a delegada Ravenna Matos. A família passou a desconfiar da situação quando o suspeito começou a presentear somente a criança de sete anos, em detrimento dos outros irmãos dela. Além disso, foi observado que o homem criava situações na família, para ficar sozinho com a vítima. Com a prisão, o inquérito foi finalizado e remetido ao Poder Judiciário.

Em junho, Governo do Ceará inaugurou a Casa da Criança e do Adolescente. O equipamento atua com a rede de atendimento e proteção às crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência grave e reúne no em um só espaço, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública, o Ministério Público e o Conselho Tutelar.

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