Rússia abastece o Brasil

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A viagem do presidente Bolsonaro à Rússia para uma conversa com o presidente Putin continua rendendo frutos. Como sói acontecer, choveram críticas contra o presidente brasileiro. Afinal, o que fez Bolsonaro atravessar os mares para visitar um país em pé de guerra contra a Ucrânia? De nada bastou dizer que a visita já estava agendada há muito tempo, atendendo a um convite do presidente russo. A visita, porém, foi oportuna e providencial. O gesto diplomático do brasileiro garantiu, de imediato, a continuidade do fornecimento de fertilizante, insumo crucial para o agronegócio, que se tornou a locomotiva da economia brasileira.

As armas disparam em território ucraniano, mas o poderio bélico russo se estendeu pela Europa e no resto do mundo. Os estilhaços se circunscreveram à terra invadida. Mas vai ficar conhecida também como a guerra dos alimentos. Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de alimentos. Rússia cessou as exportações por causa das sanções, e a Ucrânia devido ao bloqueio russo. E haja fome.

Além dos alimentos e seus insumos, a Rússia é responsável pela matriz energética da zona do euro. O conflito fez a Europa perder gás, literalmente. As sanções econômicas redesenharam as relações internacionais. O petróleo russo foi desviado para China e Índia. Por sua vez, os americanos se viram obrigados a negociar com antigos adversários, como Irã e Venezuela. O preço dos alimentos e dos combustíveis disparou,

O Brasil, que muitos anunciaram que seria um pária na gestão bolsonariana, virou um respeitável player no cenário mundial. Tanto que foi paparicado por Biden, que mandou em emissário especial para convencer Bolsonaro a participar da Cúpula das Américas, em Los Angeles. No outro lado do mundo, Putin também é só elogios ao governo brasileiro.

Outro fruto ainda daquela visita é o novo acordo para fornecimento de diesel russo para o Brasil. Nós temos bastante reserva de petróleo, mas não capacidade de refino suficiente, o que nos faz exportador de petróleo e importador de combustíveis. O acordo não garante apenas o fornecimento, mas o preço muito mais barato.

No diálogo entre os dois mandatários, Bolsonaro não tratou da questão da guerra, mas expressou seu apreço pela paz, já Putin defendeu o Brasil na questão da Amazônia. A troca de amabilidades revela nova configuração geopolítica, ou até a nova ordem mundial, com a presença marcante dos Brics, com o protagonismo da China, Rússia, Índia e Brasil. Enquanto isso, vamos comprar o máximo de petróleo da Rússia.

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