Importante fóssil cearense deve ser repatriado da Alemanha para o Brasil

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A decisão foi tomada, após reunião de autoridades alemãs e representantes brasileiros, que analisam a possibilidade do material ser encaminhado ao Museu de Paleontologia de Santana do Cariri.

O fóssil Ubirajara Jubatus (um dinossauro ancestral das aves) é datado do período Cretáceo, vivendo há cerca de 110 e 115 milhões de anos. O dinossauro se tornou o mais antigo da Bacia do Araripe, no cariri cearense. Mas o holótipo — peça única que serviu de base para a descrição da espécie — está no Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha.

O fóssil é de uma espécie em transição entre dinossauros e aves (Foto: divulgação).

“A peça é superinteressante; é um dinossauro que tem características que levam a transição para as aves, estruturas que não se conheciam ainda em dinossauros, mas o que chamou a atenção foi o fato chato na descrição que, inclusive, motivou a retirada; a despublicação do artigo científico, algo muito sério e raríssimo”, complementa Allysson Pinheiro, diretor do museu de paleontologia de Santana do Cariri sobre onde se encontra a peça hoje.

“A expectativa é muito alta, porque isso é uma vitória coletiva muito grande; um sinal que as coisas estão melhorando, estão mudando nas relações entre os países. E isso só aconteceu, por conta de uma mobilização da sociedade brasileira e da comunidade científica como um todo”, declara Allysson, que também é professor da Universidade Regional do Cariri (Urca).

A ida do material para a Alemanha é questionada há anos pela comunidade científica brasileira, que aponta para uma possível exportação ilegal de peças coletadas no Brasil. Em dezembro de 2020, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para investigar a saída do fóssil.

Ainda, segundo o diretor do museu, “esse, infelizmente, não é o único caso; não é só com a Alemanha. A gente está tentando entrar em contato com várias instituições, solicitando, gentilmente, e explicando o porquê isso é importante”, declara.

Anteriormente, o museu onde o fóssil se encontra se recusou a devolver a peça, mas o diretor da instituição cearense avaliou de maneira promissora o diálogo com o país europeu, informando, ainda, que há uma expectativa que outras peças retornem ao Brasil até o fim do ano.

O pesquisador reforça a importância do material fossilífero ser repatriado não apenas para o Ceará, mas para o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, localizado na região da Bacia do Araripe, de onde eles foram retirados.

“A Bacia do Araripe está no top 5 do mundo de depósitos fossilíferos do cretáceo. Os fósseis daqui são celebrados mundialmente. Por isso, inclusive, que a gente tem tanto problema com tráfico e comercialização. Daí, a importância desse retorno. É um simbolismo que não tem em nenhum outro lugar do mundo”, complementa o diretor.

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