Sou da paz, diz Bolsonaro

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Jair Bolsonaro conversou por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O presidente brasileiro chegou a afirmar que tinha a solução para o conflito, mas não veio à tona. Como ele citou no contexto a Guerra das Malvinas, chegaram a especular que a saída seria a rendição da Ucrânia. Estaria na mesma categoria da solução de Lula, que resolveria a guerra numa mesa de bar. O certo é que pegou uma investida do ucraniano, que criticou a postura de neutralidade, cobrando posicionamento firme contra a guerra e apoio às sanções. Perguntado de que lado da guerra estaria, se saiu bem: “Estou do lado da paz”. Repetiu durante encontro com fãs no cercadinho: “Sou da paz”.

Bolsonaro esteve na Rússia às vésperas da invasão, quando os tanques russos já estavam perfilados na fronteira. E foi muito criticado, que o momento não seria oportuno. Não bastou a explicação de que o encontro entre os dois presidentes, em visita oficial, já estava agendado com muita antecedência. Até por cortesia diplomática, não seria de bom alvitre se imiscuir nos assuntos internos do anfitrião.

A postura, que foi muito criticada no Brasil e no exterior, revelou-se proveitosa para os brasileiros. Em recuperação das dores da pandemia, a humanidade se viu mais uma vez ameaçada por um conflito regionalizado que ameaçava escalar para dimensões continentais. Embora as escaramuças da guerra se desenrolassem no leste europeu, os estilhaços se espalharam pelo mundo na forma de escassez alimentar e energética.

Dois dos maiores produtores de alimentos, Rússia e Ucrãnia pararam de abastecer a Europa e o mundo. Impedida de negociar pelas sanções, a Rússia bloqueou os portos ucranianos. Além dos cereais, a Rússia é a principal fornecedora de gás para os europeus. Escassez geral de alimentos e energia, o que aumentou a inflação, já elevada como consequência das quarentenas da pandemia.

O Brasil também é grande produtor de alimento, mas é dependente de fertilizante, insumo crucial para o agronegócio, que comanda nossa economia. Aquela visita foi fundamental para garantir a continuidade do fornecimento dos fertilizantes. Com isso, o Brasil pode se transformar no maior fornecedor de grãos para todo o mundo. Com a economia baseado em commodities, em alta, o Brasil tende a ser beneficiado com a guerra.

Mais um fruto daquela visita pode chegar ao Brasil. Com a redução de impostos, houve queda nos preços da gasolina e do etanol. Mas o diesel continua alto, pois os governadores não deram ouvidos ao apelo de Bolsonaro para zerar o ICMS. A solução pode vir da Rússia, que prometeu vender óleo diesel, a preço bem inferior ao cobrado no mercado. O pragmatismo de Bolsonaro trouxe benefícios ao povo brasileiro.

As sanções desferidas contra a Rússia se mostraram contraproducentes. Trouxeram mais prejuízos ao Ocidente que ao povo russo. Europa sofre com a escassez de gás, situação que será agravada com a chegada do inverno. Estão queimando carvão a valer. A inflação americana não dá sinais de arrefecimento. Já querem negociar com os russos para destravar o comércio de alimentos. O Brasil levou vantagem.

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