Fachin, o senhor dos cinco dias

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O ministro Luiz Edson Fachin é o senhor dos cinco dias. Já deu esse mesmo prazo ao Congresso, para falar de contas bloqueadas de bolsonaristas, ao próprio Bolsonaro para explicar por que não usava máscara. Além do prazo, é o senhor dos assuntos irrelevantes. Parece não ter muito o que fazer naquela corte que chamam de Supremo. Por dá cá aquela palha, Fachin está dando trabalho à PGR. É o estafeta dos partidos de oposição. Sem votos no Congresso, os parlamentares apelam ao tapetão na certeza de que serão atendidos no desiderato de desgastar o presidente. O sistema não aceita Bolsonaro, cuja derrota virou ponto de honra. Primeiro derrubam Bolsonaro, depois voltam a honrar a Constituição, depois voltam a fazer jornalismo.

O mundo todo se mobilizou para caber nas páginas e capas dos jornais e nas telas de TV. Bastava criticar os “ataques às urnas” desferidos por Bolsonaro e ganhava generoso espaço. E agora vem o ridículo pedido para tirar das redes a live que transmitiu a reunião do presidente da República com os diplomatas. Houve forte pressão também no YouTube, que chegou a analisar o conteúdo, mas não viu elemento para banir a live.

Está ficando ridículo a falta de senso dos senhores togados. Uma delas, que recebeu a resposta em forma de meme, foi a determinação de Moraes para que ele se manifestasse a respeito do discurso de ódio. “Me manifesto contra”, respondeu Bolsonaro com galhofa. De certo, para chamar atenção para a banalização desses processos contra ele. Sobre tudo e qualquer coisa, Bolsonaro tem que prestar satisfação aos juízes.

Fachin atravessou as quatro linhas da Constituição quando, numa atitude política que não lhe cabe, chamou os representantes estrangeiros para uma reunião. A pretexto de expor a segurança do nosso sistema eleitoral, tinha como objetivo mesmo era denunciar a tendência golpista do chefe do Executivo, que estaria criando narrativa para não aceitar o resultado das urnas.

Tudo ficou muito claro com o apelo do presidente do TSE para que os chefes de governo de outros países se apressassem em reconhecer o resultado das urnas, tão logo ele fosse divulgado, para não dar tempo de reações antidemocráticas. O que causa estranheza não é tanto dizer que Bolsonaro não aceitará o resultado, mas a certeza de que ele será derrotado. É com se fosse uma antecipação do resultado. Fachin, o vidente.

Quem representa o Brasil é o chefe de Executivo, que escolhe sobre o que falar com os diplomatas. Logo, se houve uma reunião ilegítima foi a do presidente do TSE, não do da República. Os diplomatas ouviram a peroração de Bolsonaro que se contrapôs ao discurso oficial do TSE e a algumas falas e decisões de uma trinca de ministros: Fachin, Barroso e Moraes.

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