Os surdos de capa preta

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A primeira dama, Michele Bolsonaro, roubou a cena na convenção do PL, realizada neste domingo, no Maracanazinho, no Rio. Recheada de referências bíblicas, sua fala trouxe emoção ao entorno político, fazendo contraponto ao marido, que também se emocionou, como denunciaram algumas lágrimas furtivas. Num macacão verde, que lhe realçava a elegância, combinava com o amarelo que se espalhava na plateia e rimava com a enorme bandeira que decorava o palco, Michele esnobou simplicidade e simpatia.

Se seu discurso foi calibrado para alcançar o segmento feminino e diminuir as resistência que as mulheres têm em relação ao marido, ela o executou com maestria. Depois da emoção, lembrou das 70 leis editadas no governo para proteção das mulheres. Bolsonaro lembrou que o título de terra distribuído por seu governo é entregue preferencialmente à mulher.

O presidente falou por cerca de 30 minutos, focando outro segmento que lhe é pouco favorável nas pesquisas, o de pobres, principalmente do Nordeste. Bolsonaro citou o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família, contrapondo os valores. Enquanto o programa lulista pagava R$ 90, o novo benefício é de R$ 600. E prometeu mantê-lo no próximo mandato.

Além desses tópicos, o governo ainda falou sobre os feitos do governo, mas o que empolgou mesmo foi a menção ao STF, alguns “surdos de capa preta” que insistem em não ouvir a voz do povo. Nesse momento, Bolsonaro fez convocação para ir às ruas, pela última vez, no próximo 7 de setembro, quando se comemora o bicentenário da independência.

Os ministros, no dia seguinte, usaram seus ventríloquos na imprensa para dizer que não passava de discurso eleitoral, bravatas. E ainda fizeram levantamento das decisões do STF que derrotaram o governo. A crítica feita ao STF se deveria aos 21 processos em que a corte se posicionou contra o governo.

Bolsonaro disse que em seu governo, o povo passou a conhecer o STF pelas vezes em que o tribunal interferiu na vida pública, saiu das quatro linhas e usurpou prerrogativas de outros poderes. Não à toa, o personagem mais ovacionado no evento foi o deputado Daniel Silveira, que sofre atroz e pessoal perseguição de Alexandre de Moraes.

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