Guedes acerta previsão sobre o PIB
Paulo Guedes é o profeta que faz milagre em sua própria terra. O FMI acaba de confirmar uma de suas profecias. No início do ano, quando analistas e o próprio FMI falavam de crescimento pífio da economia brasileira, Guedes pontificou: vão passar o ano revendo para cima o desempenho da economia brasileira, e a do resto do mundo para baixo. No início do ano, a projeção do PIB nacional era de 0,5%. Em abril, quando virou o trimestre, a instituição refez o cálculo e já passou para 0,8%. Terminou o semestre, e outra recontagem. Agora é de 1,7%, triplicando o percentual previsto inicialmente.
O Brasil está na contramão da dinâmica mundial. E isso é bom. A economia global, antes prevista para crescer 3,6%, teve a projeção reduzida para 3,2%. E cai mais no ano seguinte: 2,9%. Uma das piores previsões é a dos Estados Unidos. Enquanto o Brasil deve crescer quase um ponto percentual sobre a previsão anterior, a economia americana cai 1,4 ponto percentual.
Na Alemanha, a situação também não é das melhores, recuando de 2,1% para 1,2%. Já o crescimento chinês, sempre acima do resto do mundo, com previsão inicial de 4,4%, passa para 3,3%. Mas reage no ano seguinte, o único nessa situação. Os demais têm projeção de desempenho inferior ao verificado neste ano.
Duas surpresas no relatório mundial. O crescimento da Índia será maior do que o da China em mais de 100%, embora também tenha revisão para baixo. Em abril, a projeção era de 8,2%, recuando para 7,4%. Já a Rússia, cujo recuo do PIB estava projetado para 8,5%, melhorou bastante. A queda será de apenas 6%. As sanções não surtiram efeito.
O quadro de pessimismo retratado no relatório do FMI carrega nas tintas das consequências da guerra, da inflação, da elevação de juros e dos recentes lockdowns na China. Esse conjunto de fatores aponta para uma recessão mundial no próximo ano, a depender da reação da economia a essa onda de infortúnios.
O Brasil parece uma ilha nesse oceano de dificuldades. Antes em alta crescente, a carestia arrefeceu depois da queda de preços dos combustíveis e outros itens, com a redução de impostos. Com projeção de deflação nos próximos dois meses, vai acontecer o impensável. A inflação brasileira será menor que a dos Estados Unidos.